O Governo Federal e o Banco Central estão neste momento discutindo o parcelamento de compras sem juros no cartão. Todavia, o setor de varejo e representantes do comércio dizem que o término dessa modalidade ou ainda, uma taxação, não é o melhor remédio para acabar com as grandes taxas do rotativo.
A princípio, o comércio está bastante preocupado com o fato de que o fim do parcelamento sem juros traria um grande prejuízo aos consumidores e empresas varejistas. De acordo com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a limitação do parcelamento do cartão teria como consequência, a queda nas vendas.
Desse modo, a economia teria um grande prejuízo. O presidente do IDV diz que as compras parceladas sem juros precisam continuar, pois são importantes para os pequenos e médios varejistas. Ele afirma que “Esse é um meio de pagamento importante e não pode ser eliminado, 80% das compras parceladas são feitas em até 6 meses, em média.”
Analogamente, a possibilidade de uma taxação com o objetivo de reduzir o parcelamento também tem recebido críticas. Durante uma audiência do Senado, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, apresentou como sugestão, uma tarifa para diminuir a compra irresponsável no crédito, em grandes parcelas.
Compras parceladas no cartão
Ademais, o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Décio Lima, afirma que os empreendimentos de pequeno porte seriam os mais prejudicados pela medida. Ele diz que a taxação afetaria o poder de compra das famílias brasileiras e também defendeu a redução da taxa de juros.
Para o Sebrae, as alterações no rotativo não podem atrapalhar os consumidores que dependem de uma contratação de crédito. Em síntese, ele afirma que o difícil acesso ao crédito no país atrapalha exponencialmente a economia. Entretanto, Décio Lima defende que o rotativo do cartão no país, “já teve seu tempo”.
O presidente do Sebrae afirma que as alterações não podem ser feitas rapidamente, sem uma análise precisa. O parcelamento no cartão é uma ferramenta problemática que foi criada para suceder ao cheque pré-datado, que se originou em um cenário de alta pressão inflacionária. Para ele foi uma solução bastante criativa.
Décio Lima sobre a questão, diz que, “Apoiamos as iniciativas dos Poderes Executivo e Legislativo em relação aos exorbitantes juros cobrados no crédito rotativo e esperamos que sejam mais transparentes e, obviamente, que a discussão não prejudique o funcionamento das empresas e impeça o consumo das famílias“.
Redução dos juros e da inadimplência
Em suma, o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, afirma que o pagamento de produtos e serviços feitos no cartão é bastante importante. Ele cita o fato de que 80% das compras parceladas são, em média, pagas em até seis meses. O Governo Federal procura reduzir os juros da modalidade e a inadimplência no país.
Deve-se observar que a taxa média dos juros do crédito rotativo cobrada pelas instituições financeiras, chegou em um determinado momento, a casa dos 455% ao ano. Aliás, no mês de julho, a inadimplência relativa a essa modalidade ficou em cerca de 49,1%. O Governo Federal irá apresentar uma solução em 90 dias.
A nova medida do Governo Federal está sendo discutida junto ao deputado federal Elmar Nascimento (União), que é o relator do programa Desenrola, de quitação de dívidas em atraso das famílias brasileiras. Enfim, o consumidor acaba entrando no crédito rotativo de seu cartão quando não consegue pagar sua fatura totalmente.
Neste caso, a diferença entre o valor total do débito e o pagamento real acaba se transformando em um tipo de crédito. Há então a cobrança de juros sobre o valor restante. A partir de 2017, depois que o consumidor busca pelo rotativo, na sua segunda fatura, os bancos devem transferir as dívidas para parcelas com juros menores.
Banco Central e as compras no cartão
As iniciativas do Banco Central têm como objetivo principal reduzir as compras dos cidadãos brasileiros no cartão. O órgão procura sugerir a possibilidade de um novo modelo de parcelamento. Ele deve considerar o tipo de bem comprado, e a definição do prazo para a sua quitação. Enfim, a compra de uma geladeira teria mais parcelas que as de uma roupa.
Em conclusão, quanto maior o número de parcelas, maior seriam os juros destinados ao financiamento. No entanto, o IDV critica essa medida. Ele cita a dificuldade que uma grande empresa varejista no mercado, teria para determinar as taxas. De fato, elas trabalham com uma enorme quantidade de produtos.