Neta segunda-feira (2), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) jamais prometeu que os preços dos combustíveis não seriam elevados em seu governo. De acordo com o chefe da estatal, a promessa do petista foi apenas por acabar com a Política de Paridade Internacional (PPI).
“Ele (Lula) jamais prometeu que o preço nunca mais subiria: ‘Eu vou me eleger e nunca mais vai subir o preço do combustível’. Talvez não disse que deveria descolar completamente do preço internacional. Isso seria uma temeridade”, disse o presidente da Petrobras na entrevista, ao ser questionado sobre os mais recentes aumentos.
“Nós não só importamos parte do produto como estamos inseridos na comunidade internacional. O que ele prometeu, e foi cumprido, foi que nós vamos ter uma política de preços nacional para que nós tenhamos uma amenização das volatilidades”, completou Prates. A entrevista foi feita no programa Roda Vida, da TV Cultura.
Interferência do governo no preço do combustível
Na mesma entrevista, Prates também foi perguntado sobre as acusações de que o governo federal estaria atuando para interferir na política de preços da Petrobras. “O governo não manda a gente subir, nem descer, nem segurar, nada disso”, garantiu ele, que segue afirmando que Lula não vem realizando nenhum tipo de pedido desta natureza.
De todo modo, Prates disse que concorda com o presidente Lula em relação ao antigo PPI. Este era o sistema utilizado durante os anos dos governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Por este formato de definição, os preços dos combustíveis no Brasil eram diretamente atrelados aos preços internacionais.
“Aquilo era irreal, era aplicar o preço do pior concorrente do mercado e garantir a ele suas ineficiências. Ali, a Petrobras perdeu market share, ali a Petrobras não reagiu àquela imposição, que era um absurdo”, defendeu Prates.
Recompra de refinarias
Prates também respondeu sobre a possibilidade de recompra de algumas refinarias pela Petrobras. Esta é uma medida que vem sendo vista como prioridade para o Ministério de Minas e Energia.
“Eu concordo politicamente com as falas do ministro de Minas e Energia sobre recomprar refinarias. A análise está em curso, mas não podemos falar publicamente”, afirmou Prates.
“Somos uma empresa de petróleo em transição. Não vamos deixar de investir em petróleo de um dia para outro, temos mais 50 anos usando combustível fóssil. São áreas importantes a serem desenvolvidas na próxima década”, seguiu ele. O presidente da Petrobras também defendeu o desenvolvimento de armazenamento de energia, baterias e o uso de minerais críticos
“Bateria é uma coisa ainda muito incipiente. Menciono aqui, mas é uma coisa para começar a tratar em dois anos. É um exemplo muito minúsculo que a gente ainda nem colocou no plano estratégico. É natural que nos próximos anos ocorra migração para isso. Se você pensar que a eletrificação da frota, mesmo com o (carro) híbrido, usa bateria, e quer estar perto do consumidor final em algum momento e participar de uma logística mais capilarizada no futuro, tem que estar olhando para essa área. Estamos vendo o tamanho do negócio e quem está jogando”, afirmou o presidente da Petrobras.
Combustível
A prévia da inflação oficial do país ficou em 0,35% neste mês de setembro. Trata-se do aguardado número do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Este número foi considerado alto por boa parte dos especialistas do mercado, mas tem uma explicação clara: o aumento no preço médio da gasolina no país.
Este combustível parece ter sido o grande responsável por esta aceleração da inflação no mês de agosto. De acordo com as informações oficiais, seis dos nove grupos pesquisados registraram alta neste mês. O setor de transportes teve a maior variação (2,02%) e também o maior impacto (0,41%), certamente ocasionados pelo aumento da gasolina.
No último mês, o preço médio do litro deste combustível registrou uma alta de nada menos do que 5,18%. Sozinho, o item respondeu por 71% do IPCA-15 do mês de setembro.
comb