Com Auxílio menor, Brasil vai empurrar mais 9,1 milhões para a pobreza
O Governo Federal já começou os pagamentos do novo Auxílio Emergencial, mas há quem diga que esses pagamentos não irão mudar a realidade geral do país. Pelo menos é isso o que revela uma projeção do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP).
De acordo com essa projeção, o Brasil vai ganhar cerca de 9,1 milhões de novos pobres agora em 2021. É que segundo essa pesquisa, o país vai somar cerca de 61 milhões de pobres durante este ano. Em 2019, no período que antecedeu a pandemia, esse número era de 52 milhões.
Para os cálculos oficiais, a família é pobre quando recebe menos de R$ 469 de forma per capita por mês. De acordo com o Banco Mundial, isso dá em torno de US$ 1,90 por dia. Dessa forma, as pessoas que costumam ganhar menos do que isso são pobres aos olhos das estatísticas.
Entretanto, existem pessoas que conseguem estar em situação pior. São os casos dos cidadãos que estão na extrema pobreza. De acordo com a Made-USP, o Brasil vai ganhar cerca de 5,4 milhões de novas pessoas neste situação só durante o decorrer deste ano de 2019.
Para fins estatísticos, uma pessoa está em estado de extrema pobreza quando recebe menos de R$ 162 por mês de forma per capita dentro de uma família. Cerca de 13,9 milhões de pessoas estavam nessa situação antes da pandemia. Agora, esse número vai subir para 13,9 milhões. Pelo menos essa é a projeção.
“Auxílio insuficiente”
Como dito, o Governo já começou os pagamentos do novo Auxílio Emergencial. Boa parte dos informais e membros do programa Bolsa Família receberam a primeira parcela do montante total. Seja como for, o fato é que a redução do valor do benefício vai fazer com que o programa não mude muito esse cenário.
Pelo contrário. A projeção da Made-USP já considera os pagamentos do programa já com esses valores que variam entre R$ 150 e R$ 375. Os pesquisadores afirmam que esses montantes não seriam suficientes para cumprir demandas básicas para as famílias que estão em situação de pobreza e extrema pobreza.
“Já havia um crescimento da pobreza antes da pandemia, isso só não se agravou no ano passado devido ao auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1.200”, disse a pesquisadora da Made-USP, Ana Luíza Matos de Oliveira, em entrevista para o Portal da BBC no Brasil nesta semana.
O que diz o Governo
O Governo Federal vem adotando uma postura de não negar que os valores do Auxílio Emergencial este ano são baixos. De acordo com informações de bastidores, membros do Palácio do Planalto aconselharam o Presidente Jair Bolsonaro a não dizer publicamente que esse valor é suficiente para viver neste momento.
Dessa forma, o Governo está preferindo focar na questão da segurança econômica do Brasil. Em seus discursos, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, vem afirmando que esse valor é o máximo que o Governo está podendo pagar neste momento. O Governo tem R$ 44 bilhões disponíveis para esse pagamento.
Guedes vem dizendo ainda que não descarta um aumento na quantidade de parcelas do benefício. No entanto, ele deixa claro que isso só vai acontecer se a situação da pandemia do coronavírus não melhorar no país. Sobre o valor, Guedes e Bolsonaro estão afirmando que não haverá qualquer tipo de aumento.