As obras de José de Alencar estão entre as mais cobradas nas provas dos vestibulares mais tradicionais do Brasil. Uma dessas obras é o romance Senhora. Publicado pela primeira vez em 1987, Senhora é um dos mais famosos romances urbanos de Alencar, e tem como um dos acontecimentos centrais o casamento de Aurélia Camargo, personagem principal, com Fernando Seixas.
O enredo de Senhora se divide em quatro partes: “O preço do casamento”, “Quitação”, “Posse” e “Resgate”. Nesse sentido, é possível perceber pelos títulos das partes que o autor faz uma crítica por meio da analogia entre uma transação comercial e o casamento por interesse. O livro conta, desse modo, a história de Aurélia, uma moça cuja família paterna é rica, mas a desconhece. Após ficar órfã, Aurélia recebe a visita de seu avô que perto de falecer descobre sua existência e deixa para ela uma grande fortuna.
Desse modo, Aurélia despertava o interesse de muitos por sua beleza e por sua fortuna, mas começou a questionar sua educação e destino. Foi quando decidiu casar-se com Fernando, jovem em situação financeira inferior interessado em casar com uma moça rica para manter um alto padrão de vida. Assim, com a mediação do tutor de Aurélia, Sr. Lemos, Fernando aceita o casamento sem ao menos saber quem era a noiva e recebe um alto adiantamento do dote.
No entanto, ao conhecer a noiva, Fernando se sente humilhado pois percebe que trata-se da jovem por quem era apaixonado e com a qual rompeu para casar-se com uma mulher mais rica. Aí se inicia uma série de episódios de brigas entre ambos, nos quais Aurélia humilha Fernando portando-se como sua dona. No entanto, diante das pessoas, eles mantém um casamento de fachada, passando a ideia de felicidade conjugal.
O enredo é ambientado no Rio de Janeiro e se passa no século XIX, de modo que retrata a alta sociedade da época, que imita os costumes e a cultura francesa. Desse modo, Senhora é uma crônica da sociedade da época, marcada pela gritante preocupação com as aparências.
José Martiniano de Alencar nasceu em Fortaleza (Ceará), em 1829, e foi o principal nome da 1ª geração do Romantismo no Brasil, a fase indianista. Desse modo, os seus romances O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874) são alguns dos destaques do período. Além de escritor, Alencar, que recebeu homenagem como patrono da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, foi também político, chegando a atuar como chefe da Secretaria do Ministério da Justiça.
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