Após o Instituto Butantan afirmar que aguarda até o final de semana um posicionamento do governo federal sobre a compra de 54 milhões de doses extras da CoronaVac, o Ministério da Saúde disse que pode esperar até maio para exercer a opção de compra prevista em contrato. No entanto, segundo especialistas, a demora na aquisição de novas doses da CoronaVac para o Plano Nacional de Imunização contra Covid-19 pode causar prejuízos a população.
O governo federal já comprou 46 milhões de doses da CoronaVac, tendo recebido 6 milhões até o momento. Com a chegada de insumo para fabricar mais doses, uma nova entrega de cerca de 8,6 milhões de doses deve ocorrer até o final do mês. Segundo Dimas Covas, diretor-presidente do Instituto Butantan, a matéria-prima deve chegar ao Brasil dia 03 de fevereiro e o envasamento de novas doses levaria 20 dias.
Além do contrato com o governo do Brasil, o Butantan possui outros países latino-americanos interessados em comprar até 40 milhões de doses da CoronaVac. Dimas Covas, inclusive, disse que o instituto pretende exportar doses da vacina, caso o governo federal não manifeste interesse em exercer a opção de compra das 54 milhões de doses adicionais.
O acordo entre Instituto Butantan e Ministério da Saúde diz que “é concedida à contratante a opção de adquirir mais 54 milhões de doses de vacinas em cronograma a ser definido, apresentando seu interesse no prazo de até 30 dias após a entrega da última parcela”, prevista para 30 de abril.
Especialistas criticam demora do governo na compra da CoronaVac
A demora na decisão do Ministério da Saúde sobre a aquisição de doses adicionais, de acordo com especialistas entrevistados pelo jornal “O Globo”, pode atrapalhar o processo de imunização contra Covid-19 no Brasil. Sergio Cimerman, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia e médico do Emílio Ribas, considera sem sentido o posicionamento do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O governo tem que comprar (as novas doses da CoronaVac). Não tem vacina para todo mundo. Só temos duas vacinas. A vacina de Oxford tem 100 milhões de doses, que permitem imunizar 50 milhões de pessoas. Mas a nossa população é de 212 milhões. No meu modo de ver, não tem sentido essa posição do governo federal.”
Márcio Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, tampouco vê lógica na atitude do governo.
“Não é razoável responder no último dia. Vamos precisar de 400 milhões de doses no Brasil, e não temos nem 100 milhões ainda. Nossa maior prioridade é vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível. Esse é um erro que custa caro, em vidas.”