A China encerrou o embargo sobre as importações de carne bovina brasileira. A interrupção das vendas para o país asiático teve início em 22 fevereiro, afetando o comércio entre as nações, mas a paralisação chegou ao fim na semana passada.
Com isso, o Brasil voltou a enviar carne bovina para a China. Aliás, a suspensão das exportações durou apenas 29 dias, período bem menor que os mais de 100 dias de paralisação observados em 2021.
Em ambos os casos, a suspensão dos envios de carne bovina à China ocorreu devido à confirmação no Brasil de casos da doença vaca louca. Em 2021, houve a confirmação de dois casos de animais infectados, em Minas Gerais e Mato Grosso. Já neste ano, o país confirmou um caso no Pará.
Em resumo, a suspensão das exportações atende ao protocolo sanitário de 2015 entre o Brasil e a China e acontece devido à detecção da doença da vaca louca. O período de embargo dos envios é marcado por estudos e análises sobre os casos confirmados da doença.
A rapidez com que a China retomou as importações da proteína brasileira não surpreendeu os analistas. Isso porque, em 2021, houve muitos relatos sobre o prolongamento do embargo devido à relação conflituosa que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha com a China.
Seja como for, os produtores de gado ficaram aliviados com o rápido retorno dos envios de carne bovina para o país asiático. A expectativa agora é de retomada das exportações o quanto antes para recuperar as perdas registradas nos 29 dias de embargo.
Carne bovina ficou mais barata no Brasil?
Com o anúncio da suspensão das exportações de carne bovina, feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os brasileiros ficaram mais atentos às notícias envolvendo esse assunto.
Isso porque, segundo alguns analistas, a carne bovina poderia ficar mais barata no país, a depender do tempo em que a China manteria o embargo. Contudo, como o país asiático voltou a importar a proteína brasileira, os preços não deverão ficar mais acessíveis aos consumidores.
A expectativa de analistas era que os valores da carne bovina poderiam recuar no país, ao menos no curto prazo. Em suma, a inflação mais controlada permitia a redução, mesmo que tímida, dos preços da proteína.
Entretanto, muitos produtores decidiram estocar a carne, esperando pela retomada das exportações. Como a oferta não teve um crescimento muito expressivo no país no período, os preços se mantiveram estáveis, no geral, com poucas variações.
Entenda o que é a doença da vaca louca
O nome científico da doença vaca louca é Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). Em resumo, a enfermidade é fatal e geralmente acomete bovinos de idade mais avançada, degenerando o sistema nervoso.
Devido à gravidade da doença, o Brasil e a China possuem um acordo que consiste na suspensão imediata das exportações de carne bovina em caso de confirmação da doença vaca louca.
Isso afeta diretamente o setor produtivo do país, ainda mais porque a China é o maior parceiro comercial do Brasil. A saber, o país asiático responde por quase 60% das exportações da proteína brasileira.
O que gera a doença no animal é uma proteína infecciosa chamada príon, que também está presente no cérebro de diversos mamíferos, inclusive no do ser humano.
No entanto, a proteína pode se multiplicar demasiadamente, de maneira anormal. Nesse caso, o príon mata os neurônios e deixa buracos brancos em seus lugares no cérebro.
Em suma, a doença pode ocorrer de maneira atípica, quando o animal tem uma idade muito avançada e o príon acaba sofrendo mutação. Contudo, o animal pode apresentar a doença através do consumo de rações contaminadas.
Em ambos os casos, não há indícios de transmissão entre as vacas. No entanto, a determinação que o produtor tem é de abater o animal doente e incinerar o seu corpo.
Riscos ao ser humano
A doença da vaca louca acomete os animais, mas o ser humano também pode desenvolver a proteína infecciosa, chamada de príon. Da mesma forma que acontece com o gado, a doença pode surgir nos humanos de maneira espontânea ou pelo consumo de carne bovina contaminada com a doença da vaca louca.
Em síntese, a doença pode causar perda de memória, depressão, perda visual e insônia nos humanos. Aliás, em alguns casos, a doença até pode demorar anos para se manifestar.
Seja como for, quando há o diagnóstico da doença em um ser humano, o tratamento padrão dos pacientes é realizado com antivirais e corticoides. Entretanto, cerca de 90% dos indivíduos morrem no período de um ano por causa da doença.
Contudo, há profissionais da saúde que afirmam que a doença leva à morte em 100% dos casos. De toda forma, o tempo para a evolução do quadro pode variar entre os pacientes infectados, mas não há tratamento que reverta o quadro, pois o ser humano ainda não desenvolveu tratamento para doenças priônicas.