Calor intenso pode gerar novo apagão? Veja o que dizem especialistas
Com o calor intenso registrado em vários pontos do Brasil, uso de energia elétrica vai atingindo níveis históricos
Seja com o ventilador, ou com o ar-condicionado, vale tudo para tentar amenizar os efeitos do calor que está tomando conta do Brasil nos últimos dias. A massa de ar quente está fazendo com que cada vez mais brasileiros apelem aos seus aparelhos elétricos.
Neste sentido, há uma preocupação evidente. Com o Brasil batendo recordes de uso de energia por causa do calor, existe uma chance de colapso no sistema de energia elétrica do país? A preocupação existe justamente porque há poucos meses, um apagão afetou 26 das 27 unidades da federação.
Vale lembrar que alguns bairros das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro registraram quedas de energia na última segunda-feira (13), ou seja, justamente em um momento de pico de calor nestes estados. Afinal de contas, há um risco de o problema em questão se espalhar pelo Brasil?
Apagão podem acontecer?
- ONS
Para o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a resposta é não. Segundo a maior autoridade de distribuição de energia elétrica do país, não existem riscos de apagão ou de desabastecimento no Brasil neste momento.
“O SIN (Sistema Interligado Nacional) é robusto, seguro, possui uma ampla diversidade de fontes e está preparado para atender às demandas de carga e potência da sociedade brasileira”, afirma.
Sobre a falta de energia em regiões específicas, a ONS disse que o problema foi provocado pelo desligamento de uma subestação e de um circuito na Enel. O problema pode ter sido causado, portanto, por um componente externo em uma linha de transmissão, e não necessariamente por causa do pico de uso da energia.
- Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE)
“A questão é conjuntural. Nesse momento de pico de consumo, você demanda uma carga muito grande. Então, você precisa de todas as fontes funcionado muito bem. Caso contrário, é nesse momento que ocorrem as falhas”, explica diretor-presidente ABCE, Alexei Vivan.
“A grande preocupação é especialmente com as fontes intermitentes [solar e eólica, por exemplo, que dependem que haja sol e vento para gerarem energia]. Se tivermos um pico de consumo e essas fontes não estarem disponíveis, temos que usar mais hidrelétricas, as térmicas. Nesses casos, o sistema pode ficar sobrecarregado”, completou ele.
- Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE)
“Tanto as usinas térmicas como as solares, incluído a geração distribuída, contribuíram com o atendimento da carga, assim como as hidrelétricas. Ou seja, não se pode negar a importância de todas”, observa o diretor-presidente da ANACE, Carlos Faria.
Recorde de uso da energia
Nesta terça-feira (14), algumas capitais registraram seus recordes de temperatura no ano, e os efeitos puderam ser sentidos na eletricidade. Pelo segundo dia seguido, a demanda elétrica bateu recorde no Brasil. Segundo a ONS, no final da tarde o consumo superou a marca dos 101 mil megawatts, superando os 100 mil que foram registrados na segunda-feira (13).
Por que está tão quente?
Mas afinal de contas, por que o Brasil está sofrendo com esta nova onda de calor em pleno mês de novembro? De acordo com especialistas, as altas temperaturas são comuns para esta época do ano, já que estamos nos aproximando do verão.
Contudo, o fato é que em 2023, a situação está notadamente pior. Isso ocorre porque para além da massa de ar quente que está atingindo o Brasil, há também uma intensificação do calor causado pelo El Niño, o fenômeno climático que aquece as águas do Oceano.
O inmet alerta que o panorama atual é de “grande perigo para a saúde das pessoas”. Afinal de contas, as temperaturas estão pelo menos 5ºC acima da média para este período do ano.
Com apagão ou não, o fato é que se hidratar segue sendo uma dica sempre muito importante. No calor, então, esta dica se torna ainda mais valiosa. Analistas dizem ainda que não importa se água estará gelada ou não. O importante é não esquecer de ingerir líquido com frequência.