Caixa pode ter que arcar com custos do perdão do consignado

Caixa pode ter que arcar com custos do perdão do consignado do Auxílio

Se novo governo resolver perdoar as dívidas do consignado do Auxílio Brasil, Caixa Econômica teria que bancar custos

O Governo Federal ainda não bateu o martelo, mas está em discussão a possibilidade de perdoar as dívidas dos usuários que solicitaram o consignado do programa Auxílio Brasil. Uma decisão sobre o tema deverá passar pela Caixa Econômica Federal, já que a instituição teria que arcar com os custos do suposto perdão.

Pelas regras do consignado do Auxílio Brasil, o cidadão que faz parte do projeto precisa solicitar o crédito junto a uma instituição financeira. Com o dinheiro em mãos, ele precisa começar a quitar a dívida na forma de descontos mensais nas parcela do benefício. Caso ele seja excluído do programa, passa a ter que pagar a dívida com o saldo do próprio bolso.

Membros do novo governo já estão iniciando o processo de pente-fino nos cadastros do Cadúnico para entender quem realmente precisa do saldo do Bolsa Família. Em caso de inconsistências nos dados, o indivíduo será excluído do programa. Logo, se ele estiver dentro do consignado, precisará bancar o saldo com o dinheiro do próprio bolso.

É neste contexto que membros do novo governo avaliam a possibilidade de perdoar as dívidas do consignado ao menos para este público que será excluído. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o Secretário Nacional do Tesouro, Rogério Ceron confirmou a ideia de que a Caixa Econômica Federal seria a responsável por arcar com os custos.

“Tem uma discussão com a própria instituição financeira, que arcou com essa política”, diz. “Isso é o que acontece numa transação financeira normal”, completou Ceron. Hoje, a Caixa Econômica Federal ainda é comandada por Daniella Marques, uma das principais aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Consignado

Na entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Ceron disse ainda que a decisão de liberar um crédito para usuários do Auxílio Brasil cria um inevitável problema futuro. Ele argumentou que mesmo que as pessoas possam decidir se querem solicitar o dinheiro ou não, há um problema.

“É óbvio que uma família em situação de extrema pobreza, com filho pequeno, que precisa comprar remédio, alimentos, coisas de subsistência, se tiver a oportunidade de ter acesso ao recurso de forma rápida, vai fazer e depois busca como resolver. Mas esse depois acaba se transformando em uma bola de neve.”

“Tenho muita dificuldade, como técnico, de entender qual é o mérito dessa política”, disse Ceron na entrevista.

Integrantes que fizeram parte do governo de Jair Bolsonaro (PL) se defendem afirmando que o consignado do Auxílio Brasil teria aberto portas para a bancarização dos mais pobres.

Programa Desenrola

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o novo Ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome Wellington Dias ventilou a possibilidade de incluir os endividados do consignado do Auxílio Brasil ao programa Desenrola.

Este projeto ainda não está pronto. Durante a campanha presidencial, o então candidato Lula (PT) indicou que criaria esta política para ajudar as pessoas a pagarem as suas contas atrasadas de água e luz, por exemplo.

“Tão logo o projeto esteja pronto, certamente o presidente Lula vai lançar. E essa área relacionada ao Bolsa Família será tratada entre outros endividados do Brasil inteiro”, disse Wellington Dias.

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