A Caixa Econômica Federal está acertando os últimos detalhes para a liberação do consignado para os usuários do programa Auxílio Brasil. Segundo informações de bastidores, membros do banco estão definindo qual será a taxa de juros do crédito. A presidente da instituição, Daniella Marques, disse que tudo dependerá de uma análise da área de risco.
Na última semana, o Ministério da Cidadania regulamentou oficialmente o texto que cria o consignado do Auxílio Brasil. Entre outros pontos, eles definiram um teto de juros de 3,5% ao mês. Assim, nenhuma instituição financeira que vai operar a linha poderá passar deste limite de cobrança de juros.
De todo modo, os bancos poderão definir qualquer taxa, desde que respeite este limite. É o que a Caixa Econômica Federal está fazendo agora. Antes mesmo da imposição do teto, membros da instituição já vinham dizendo que ofertariam uma taxa menor do que a média do mercado, mesmo que até aqui não tenham definido e nem divulgado nenhum número.
A questão do teto de juros para o consignado do Auxílio Brasil é um dos temas mais polêmicos do projeto. Quanto maior é o valor estabelecido pelo banco, maior é a dívida que o usuário poderá ter que quitar. Inicialmente, o Governo Federal chegou a cogitar a possibilidade de não estabelecer nenhum teto.
Contudo, diante do cenário apresentado sem limite, algumas instituições financeiras já estavam indicando que poderiam trabalhar com uma taxa de juros maior para o usuários. Por causa das críticas, o Ministério da Cidadania teve que voltar atrás e decidiu estabelecer o teto para todos os bancos.
Seja como for, mesmo depois do estabelecimento deste limite, o fato mesmo é que as críticas ainda não acabaram. Críticos afirmam que o valor apresentado ainda é perigoso para o cidadão.
Pelas contas dos economistas, uma taxa de juros de 3,5% ao mês, significa necessariamente um patamar de 50% ao ano. O usuário do Auxílio Brasil teria que quitar quase a metade do valor solicitado a mais para o banco.
O Ministério da Cidadania precisou realizar uma série de reuniões antes da definição de um teto de juros. Uma ala do governo não queria a imposição do limite, por entender que parte dos bancos abandonariam a operação da linha.
Segundo o Ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, o fato é que mesmo depois da imposição de um teto de juros, mais de 60 instituições estão sendo homologadas para operar o crédito.
Como dito, entre elas está a Caixa Econômica Federal. O banco já confirmou que entraria na linha antes mesmo da regulamentação do texto por parte do Ministério da Cidadania.
Por outro lado, o Banco do Brasil ainda não deu nenhuma definição oficial até aqui. Instituições como Bradesco, Itaú e Santander já adiantaram há algumas semanas que não devem operar nesta linha.
Boa parte destes bancos alegaram que existe um risco reputacional de se cobrar um empréstimo de um público muito humilde. Os usuários do Auxílio Brasil possuem uma renda per capita de até R$ 210.