Há pouco mais de um ano, o governo federal colocava em prática a polêmica taxa das blusinhas. O termo popular na verdade significa um aumento no chamado imposto de importação sobre os produtos comprados em lojas estrangeiras.
Nesse sentido, a Shein foi uma das empresas mais atingidas. Afinal de contas, a gigante do varejo chinês já é uma das queridinhas do consumidor brasileiro. Mas alguns meses depois do estabelecimento da taxa, o que mudou no mercado para a varejista?
Taxa das blusinhas fez vendas caírem?
A empresa anunciou no último dia 12 de fevereiro que o marketplace da marca agora representa 60% das vendas da companhia no país. A crescente produção local e a adaptação à realidade brasileira têm sido os pilares desse crescimento.
Segundo as informações oficiais, 75% dos produtos vendidos no marketplace são fabricados no Brasil, com 85% de toda a linha de vestuário masculino, feminino e calçados sendo produzida em território nacional.
Na prática, isso significa que a Shein não só fortaleceu a sua operação aqui, como também ajudou a aquecer a indústria têxtil nacional, com mais de 300 fábricas parceiras no Brasil.
Vale lembrar que, desde que a taxa das blusinhas foi instituída, a Shein vem se concentrando em firmar parcerias com fábricas brasileiras, o que ajudou a reduzir o impacto das novas taxas de importação nos seus lucros anuais.
Esse movimento parece ter contribuído para a competitividade dos preços, mantendo os produtos a valores acessíveis sem comprometer a qualidade.
Os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no ano passado, a produção nacional cresceu 3,1%, com destaque para Santa Catarina (7,7%), Rio Grande do Norte (7,4%) e Ceará (6,9%), evidenciando o sucesso das estratégias de produção nacional.
Esse cenário pode favorecer não apenas a Shein, mas também seus parceiros brasileiros, que veem suas vendas crescerem com o aumento da visibilidade e acesso a um mercado mais amplo.
Exemplos de taxação da Shein
Abaixo, listamos exemplos de taxação de acordo com o projeto que foi aprovado pelo Congresso Nacional.
PREÇO DA PEÇA | US$ 20 |
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO | US$ 24 |
ICMS | US$ 28,92 |
QUANTO ERA ANTES DA TAXAÇÃO | R$ 130,14 |
COMO FICA DEPOIS DA TAXAÇÃO | R$ 156, 17 |
Agora, vamos para um exemplo em que o produto custa US$ 49
PREÇO DA PEÇA | US$ 49 |
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO | US$ 58,80 |
ICMS | US$ 70,84 |
QUANTO ERA ANTES DA TAXAÇÃO | R$ 318,82 |
COMO FICA DEPOIS DA TAXAÇÃO | R$ 382,53 |
O que disse Lula sobre a taxa
Entre outros pontos, o presidente Lula chegou a criticar o projeto, mas decidiu sancionar a medida para manter o acordo com o congresso nacional.
“Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens e tem muita bugiganga. Olhe, eu nem sei se essas bugigangas competem com as coisas brasileiras, não sei. Mas nós temos dois tipos de gente que não pagam imposto. Você tem as pessoas que viajam, que são gente que não paga, são gente de classe média”, disse ele.
“Mas como que você vai proibir as pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo, sabe? Todo mundo compra. Minha mulher compra, a filha do Alckmin compra, a filha do Lira compra. Todo mundo compra. Então, nós precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar um prejudicando o outro”, seguiu ele.
De todo modo, no final das contas o presidente acabou sancionando a medida. Ele argumentou que teve que tomar esta decisão por causa de um acordo com o congresso nacional sobre o tema. Assim, os produtos importados que custam menos do que US$ 50 devem se tornar mais caros em breve.
Vale sempre lembrar que aumento da taxação de produtos importados é um pedido antigo dos empresários brasileiros, sobretudo daqueles que comandam varejistas nacionais. Eles argumentaram que sem este aumento da taxação, empregos seriam perdidos em um intervalo curto de tempo.