Brasileiros mais pobres registraram mais dívidas em abril, diz pesquisa
Os brasileiros registraram um patamar recorde de dívidas neste último mês de abril. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) este foi o mês com o maior número de empregados com dívidas no país desde o último mês de junho de 2016.
Nós estamos falando portanto de um recorde. Segundo os dados da pesquisa, 22,3% das pessoas que recebem até R$ 2100 disseram que tinham dívidas no mesmo de abril. São pessoas que não estão conseguindo pagar as suas contas mais básicas como água e luz.
Em junho de 2016, o país também registrou esse número de famílias pobres com dívidas. Vale lembrar, no entanto, que aquele contexto era diferente. Na época, a então Presidente Dilma Rousseff (PT) estava enfrentando um processo de impeachment. Então além de uma questão econômica, havia uma ebulição política na época.
Agora, o Brasil passa por outros problemas. O país ainda não saiu da pandemia do novo coronavírus. Especialistas afirmam que o processo de vacinação contra a Covid-19 está lento. Além disso, o país acabou de ultrapassar a marca dos 410 mil mortes por causa do coronavírus.
“Na verdade, o ideal não é nem uma poupança. É guardar um dinheiro este mês para poder pagar as suas contas no mês que vem e ter um pouco mais de tranquilidade”, diz Viviane Seda, que é uma das pesquisadoras do Instituto Ibre, que tem ligação com a FGV.
Relação com o Auxílio
De acordo com analistas, a interrupção dos pagamentos do novo Auxílio Emergencial teve um papel em toda essa história. É que sem o dinheiro do Governo, muita gente não teve como pagar as suas dívidas. Então elas acabaram se acumulando uma depois da outra.
o Governo retomou os pagamentos do novo Auxílio Emergencial ainda no último dia 6 de abril. Os analistas da FGV afirmaram que o possível impacto desses pagamentos ainda não está nesta pesquisa. Isso porque boa parte dos beneficiários só receberam o dinheiro dessa primeira parcela no final do mês de abril.
É que os pagamentos do novo Auxílio acontecem de maneira escalonada. Para os informais, os pagamentos acontecem obedecendo ao mês de nascimento. Os beneficiários do Bolsa Família recebem o dinheiro obedecendo as regras do próprio calendário do programa.
Valor do Auxílio
Os analistas mais pessimistas dizem que o Auxílio Emergencial do Governo não vai mudar muito o cenário do endividamento das dívidas brasileiras. Ele argumentam que os valores do programa este não são suficientes para pagar as dívidas básicas.
De acordo com o próprio Ministério da Cidadania, que responde pelo Auxílio, os valores do benefício este ano variam entre R$ 150 e R$ 375. Tudo vai depender portanto da característica de cada pessoa. O Governo ainda vai fazer o pagamento de mais quatro parcelas.
No entanto, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que pode acabar aumentando essa quantidade de parcelas do Auxílio. De acordo com ele, o Governo Federal tem o dinheiro para realizar os novos pagamentos. Tudo isso, no entanto, vai depender do desenvolvimento da pandemia no país.