Nesta quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juro da economia brasileira estável, em 13,75% ao ano. Essa foi a sexta vez consecutiva que a taxa permaneceu estável no país, após 12 avanços seguidos dos juros nos dois últimos anos.
Embora o BC tenha optado por manter a taxa Selic estável, isso não retirou o Brasil da liderança do ranking mundial dos juros reais. Em resumo, a lista desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, e o Brasil tem os juros reais mais altos do mundo desde maio de 2022, ou seja, há um ano.
A saber, os juros reais no país chegaram a 6,82% ao ano após a decisão do BC sobre a taxa Selic. Esse dado faz parte de um levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, que analisa 40 países, incluindo Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, as maiores economias do planeta.
Confira abaixo os países com os maiores juros reais do planeta.
- Brasil: 6,82%
- México: 6,13%
- Colômbia: 5,13%
- Chile: 4,89%
- Filipinas: 2,62%
- Indonésia: 2,48%
- África do Sul: 2,37%
- Turquia: 2,2%
- Israel: 1,65%
- Hong Kong: 1,55%
- Nova Zelândia: 0,55%
- Malásia: 0,54%
- Reino Unido: 0,25%
- China: 0,22%
- Rússia: 0,2%
- Estados Unidos: 0,08%
Todos os demais países do levantamento apresentaram taxas negativas de juros reais. Em suma, a Argentina ficou na última posição, com um juro real negativo de 13,02%.
Também tiveram taxas negativas intensas nesta atualização: Polônia (-5,37%), Suécia (-3,5%), República Checa (-3,16%) e Hungria (-2,94%).
Entre as maiores economias do planeta, o Japão ficou no 32º lugar, com uma taxa de juros reais de -1,94%, caindo 12 posições no ranking. Já a Alemanha se manteve na mesma posição (33º lugar), com uma taxa de -2,29%. Também vale destacar as taxas da Itália (-2,46%) e França (-1,63%).
Brasil fica em segundo no ranking de juros nominais
Além disso, o levantamento também revelou as taxas de juros nominais entre os 40 países. Isso quer dizer que o ranking se refere ao valor nominal dos juros em cada um dos países analisados, sem descontar a inflação projetada para os meses seguintes.
Em suma, o Brasil se manteve no segundo lugar, com a taxa de 13,75%. Nesse ranking, a Argentina liderou a lista com bastante folga, apresentando uma taxa básica de juro da economia de expressivos 91% ao ano, acima dos 78% observados no levantamento anterior.
Cabe salientar que a Argentina vem tentando sair de uma recessão econômica desde 2018. Em 2021, a inflação disparou 50,9% no país, uma das maiores taxas do mundo. A situação piorou em 2022, com a taxa saltando para 94,8%.
Em meio a isso, o Banco Central argentino vem elevando os juros no país. Aliás, como ambas as taxas, de inflação e de juros, estão muito elevadas, a Argentina acaba apresentando a menor taxa de juro real entre os 40 países do levantamento, apesar de ter o maior juro nominal.
De acordo com o levantamento, o top cinco nos juros nominais também teve a presença de Colômbia (+13,25%), Hungria (13,00%) e Chile (11,25%), todos com taxas bastante elevadas. Em relação ao levantamento anterior, apenas a taxa da Colômbia subiu, visto que estava em 12,75%, fazendo o país avançar uma posição no ranking.
Confira também as taxas em algumas das maiores economias do mundo: Rússia (7,5%, em 9º lugar), Estados Unidos (5,00%, em 17º), China (4,35%, em 21º), Reino Unido (4,25%, em 22º), Alemanha (3,75%, em 24º), França (3,75%, em 32º) e Japão (-0,10%, em 39º). A Suíça tem os menores juros entre todos os países, de -0,75%.
Porque os juros estão elevados no país?
Em resumo, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a famosa e temida inflação. Assim, quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, pois a Selic puxa consigo os juros para cima, no geral.
Dessa forma, o crédito fica mais caro no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor. Portanto, as pessoas se veem obrigadas a pagar mais caro para contratar crédito, muitas delas reduzem seus gastos e modificam seus hábitos de consumo para adequarem suas rendas à nova realidade financeira.
A principal consequência de tudo isso é o desaquecimento da economia brasileira, uma vez que o consumo é um dos principais motores da atividade econômica.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, a inflação continua bastante elevada no país, mais alta que o desejado pelo mercado. Por isso que os juros deverão continuar altos no país por mais algum tempo, segundo as estimativas de analistas.