Economia

Brasil continua com os JUROS reais mais elevados do mundo

Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juro da economia brasileira estável, em 13,75% ao ano. Essa foi a quinta vez consecutiva que a taxa permaneceu estável no país, após 12 avanços seguidos dos juros nos dois últimos anos.

Embora o BC tenha optado por manter a taxa Selic estável, isso não retirou o Brasil da liderança do ranking mundial dos juros reais. Em resumo, a lista desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, e o Brasil tem os juros reais mais altos do mundo desde maio de 2022, ou seja, há dez meses.

A saber, os juros reais no país caíram de 7,38% para 6,94% ao ano após a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano. Esse dado faz parte de um levantamento compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management, que analisa 40 países, incluindo Estados Unidos, China, Japão e Alemanha, as maiores economias do planeta.

Confira abaixo os países com os maiores juros reais do planeta.

  1. Brasil: 6,94%
  2. México: 6,05%
  3. Chile: 4,92%
  4. Filipinas: 2,62%
  5. Indonésia: 2,45%
  6. Colômbia: 1,93%
  7. Hong Kong: 1,74%
  8. África do Sul: 1,60%
  9. Israel: 1,57%
  10. Índia: 1,29%
  11. China: 0,37
  12. Estados Unidos: 0,36%
  13. Hungria: 0,34%
  14. Rússia: 0,19%
  15. Nova Zelândia: 0,15%
  16. Malásia: 0,11%

Todos os demais países do levantamento apresentaram taxas negativas de juros reais. Em suma, a Argentina ficou na última posição, com um juro real negativo de 19,61%.

Também tiveram taxas negativas intensas nesta atualização: Holanda (-7,42%), República Checa (-7,17%), Polônia (-6,68%), Bélgica (-6,42%) e Grécia (-5,61%).

Entre as maiores economias do planeta, o Japão ficou no 20º lugar, com uma taxa de juros reais de -1,50%, caindo duas posições no ranking. Já a Alemanha se manteve na mesma posição (33º lugar), com uma taxa de -4,87%. Também vale destacar as taxas da Itália (-4,95%), França (-2,44%) e Reino Unido (-0,15%).

Brasil fica em segundo no ranking de juros nominais

Além disso, o levantamento também revelou as taxas de juros nominais entre os 40 países. Isso quer dizer que o ranking se refere ao valor nominal dos juros em cada um dos países analisados, sem descontar a inflação projetada para os meses seguintes.

Em suma, o Brasil se manteve no segundo lugar, com a taxa de 13,75%. Nesse ranking, a Argentina liderou a lista com bastante folga, apresentando uma taxa básica de juro da economia de expressivos 78% ao ano, levemente acima dos 75% observados no levantamento anterior.

Para quem não sabe, a Argentina vem tentando sair de uma recessão econômica desde 2018. Em 2021, a inflação disparou 50,9% no país, uma das maiores taxas do mundo. A situação piorou em 2022, com a taxa saltando para 94,8%.

Em meio a isso, o Banco Central argentino decidiu elevar os juros no país. Aliás, como ambas as taxas, de inflação e de juros, estão muito elevadas, a Argentina acaba apresentando a menor taxa de juro real entre os 40 países do levantamento, apesar de ter o maior juro nominal.

De acordo com o levantamento, o top cinco nos juros nominais também tem a presença de Hungria (13,00%), Colômbia (+12,75%) e Chile (11,25%), todos com as mesmas taxas do levantamento anterior.

Confira também as taxas em algumas das maiores economias do mundo: Rússia (7,5%, em 8º lugar), Estados Unidos (5,00%, em 16º), China (4,35%, em 19º), Reino Unido (4,25%, em 21º), Alemanha (3,50%, em 25º), França (3,5%, em 29º) e Japão (-0,10%, em 39º). A Suíça tem os menores juros entre todos os países, de -0,75%.

Porque os juros estão elevados no país?

Em resumo, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a famosa e temida inflação. Assim, quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, pois a Selic puxa consigo os juros para cima, no geral.

Dessa forma, o crédito fica mais caro no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor. Portanto, as pessoas se veem obrigadas a pagar mais caro para contratar crédito, muitas delas reduzem seus gastos e modificam seus hábitos de consumo para adequarem suas rendas à nova realidade financeira.

A principal consequência de tudo isso é o desaquecimento da economia brasileira, uma vez que o consumo é um dos principais motores da atividade econômica.

Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, a inflação continua bastante elevada no país, mais alta que o desejado pelo mercado. Por isso que os juros deverão continuar altos no país por mais alguns meses, segundo as estimativas de analistas.