Após o polêmico assunto que usuários do WhatsApp, seriam obrigados a compartilhar os dados com o facebook, diversas pessoas em diferentes países tem se manifestado. O facebook, dono do aplicativo, também foi criticado e considerado até “um abutre de dados”.
“Quaisquer alterações unilaterais nos termos de serviço e privacidade do WhatsApp não seriam justas e aceitáveis”, continuou a carta enviada ainda este mês.
Com a medida, Signal e Telegram viram também seus números de downloads aumentarem. O primeiro chegou até ser recomendado pelo Twitter por Elon Musk, o homem mais rico do mundo.
Desta vez, foi a professora de Oxford e especialista em privacidade e proteção de dados, Carissa Véliz, que resolveu se manifestar em entrevista à BBC News, do Brasil. Para ela, a mudança de política do WhatsApp é bastante evasiva, mas “abutre dos dados” é o Facebook.
Abutre da dados: WhatsApp ou Facebook?
O WhatsApp pode ter até suas críticas, mas o abutre de dados seria o Facebook, de acordo com Carissa.
Isso porque, além de coletar dados, o facebook vende seus dados para outras empresas. “São essas empresas que se dedicam a vender os registros das pessoas pelo preço mais alto. Em particular, os corretores de dados (“data brokers“, em inglês) que buscam conseguir elementos como o que a pessoa compra, o que pesquisa online, as suas contas em redes sociais, as doenças que possui, os seus rendimentos, as suas dívidas ou o carro que utiliza. Ou seja, todos os tipos de informações”, declarou ela.
Dois problemas quanto ao Facebook ainda seriam, de acordo com ela, um deles seria a violação ou invasão virtual: “esses dados podem terminar na “dark web” (área da internet de pouco controle) para serem vendidos a qualquer pessoa”, explica. Saiba abaixo o que a especialista também pensa sobre a nova política de privacidade do WhatsApp.
Outro seria que os dados vendidos podem até dificultar a sua vida financeira “Por exemplo, é possível que amanhã peçamos um empréstimo e que o banco não aceite por algum detalhe que está nesses registros que estão à venda. E é possível que esses dados estejam incorretos ou desatualizados. E nunca vamos saber, porque nunca é explicado a você com base em quais informações essa decisão foi tomada. E não saberemos o que pode ser feito para revertê-la”, avaliou.
Saiba o que ela disse também sobre a nova política do WhatsApp
Carissa Véliz, parece também não concordar com a nova política do WhatsApp, por pelo menos dois motivos:
1 – Medidas bastante intrusivas
“Alguns dos metadados podem ser usados para identificar as pessoas. Nisso, quero dizer que terão acesso a seu número de telefone, os números dos seus contatos, as fotos do seu perfil e quando você esteve online pela última vez. Além de dados relacionados à situação da bateria do seu celular e sobre o uso do aparelho”, destacou ela sobre os dados coletados que podem ser compartilhados pelo WhatsApp com o Facebook.
2 – Lembra o quão autoritária são as empresas
“Elas te apresentam condições de uso que estão mudando o tempo todo. E depois que usar o aplicativo por anos, te dizem “tudo ou nada”; entrega os seus dados ou não pode mais usar a plataforma, perdendo suas mensagens e seus contatos que cultivou com a gente durante muito tempo”, conclui.