A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), enviou ofício ao Sindicato dos Trabalhadores Têxteis (Sintrafite-SC), informando que irá fazer uma demissão em massa neste mês de julho, em sua unidade no município de Blumenau em Santa Catarina. Todavia, a empresa já havia fechado uma parceria com a Shein.
Neste sentido, o ofício foi enviado ao sindicato na última sexta-feira (30/06). Segundo o Sintrafite, o documento da Coteminas apontava o desligamento de cerca de 841 funcionários da empresa têxtil. Vale ressaltar que durante uma reunião, a Companhia disse que a demissão seria de 700 colaboradores, a partir da semana que vem.
A fábrica da Coteminas em Blumenau emprega atualmente cerca de 1,2 mil pessoas. Ademais, no ofício entregue ao sindicato, a empresa disse que as rescisões contratuais relacionadas aos trabalhadores de sua fábrica, deverão ser feitas de maneira gradual, ou seja, serão realizadas em até 15 vezes.
De acordo com o documento entregue aos trabalhadores da indústria têxtil de Santa Catarina, a Companhia tem “a necessidade de realizar desligamentos de funcionários no mês de julho, para podermos manter a continuidade da operação”. A rescisão de contrato de trabalho está prevista nos artigos 477 e 491 da CLT.
Crítica dos trabalhadores da Coteminas
Os funcionários da Coteminas de Blumenau fizeram uma assembleia na última segunda-feira (03/07), e disseram que não iriam aceitar a divisão das rescisões de seus contratos de trabalho em 15 parcelas. Desse modo, o sindicato criou uma comissão para acompanhar as discussões sobre o tema com a direção da empresa.
Segundo o representante da diretoria do Sintrafite, Carlos Alexandre Maske, essa demissão em massa da fábrica da Coteminas em Blumenau, deixou os seus funcionários preocupados, visto que a grande maioria deles precisa e depende de seu emprego. Ele afirma que essa ação por parte da empresa é inaceitável.
Deve-se observar que a Coteminas passa por uma crise em suas finanças e havia avisado anteriormente que iria fazer uma reestruturação operacional. A princípio, o sindicato, nos meses de janeiro e abril, informou que a empresa havia atrasado o salário de seus funcionários. A prefeitura de Blumenau tem acompanhado as negociações.
Dessa maneira, o prefeito da cidade, Mário Hildebrandt já fez ao todo três reuniões com a diretoria da Companhia em São Paulo e também em Santa Catarina. Aliás, as ações da Coteminas na bolsa de valores reagiram negativamente à onda de demissões da empresa parceira da gigante do varejo chinesa Shein.
Anúncio da Coteminas
O anúncio da demissão em massa da Coteminas vem logo depois de um acordo firmado no mês de abril entre a empresa comandada por Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), e a organização varejista asiática, Shein. Esperava-se que houvesse a geração de novas vagas de trabalho.
A parceria entre as duas organizações era parte de um projeto da Shein. Ela pretende nacionalizar cerca de 85% de suas vendas em um período de quatro anos. Ou seja, a varejista irá produzir a grande maioria de seus produtos no país. A empresa asiática anunciou no mês de abril que iria investir R$750 milhões no setor têxtil.
Dessa forma, com as ações da Shein em território nacional, seriam gerados cerca de 100 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos em três anos. Agora a empresa têxtil diz que irá fazer alguns ajustes relacionados à sua produção. A Coteminas afirma que está implementando um novo modelo de trabalho.
Em suma, a companhia irá investir em novos equipamentos industriais e na adequação do seu quadro de pessoal. Os funcionários da empresa acreditam que o novo modelo de trabalho está ligado ao contrato da Coteminas com a Shein. De fato, a organização asiática irá investir no setor de varejo de moda no Brasil.
Produção da Shein no Brasil
Representantes da Coteminas e da Shein se reuniram junto com o presidente Lula (PT) e a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) na última quinta-feira (29/06) e anunciaram o começo da produção da organização chinesa para o mês de julho, na fábrica da empresa brasileira em Macaíba (RN).
Em conclusão, a fábrica da Coteminas em Blumenau possuía 1.250 funcionários no início do ano. O número de trabalhadores da unidade da empresa sofreu uma redução conforme a sua produção ia caindo. Sendo assim, a companhia apresentava algumas dificuldades financeiras. Em 2022 ela quase não produziu.