Beneficiários consideram Auxílio Emergencial insuficiente

Desde o ano passado, a pandemia da Covid-19 vem deixando diversas consequências humanitárias e econômicas no país. Dessa forma, para além das vidas perdidas, milhares de brasileiros vêm sofrendo o impacto da gestão sobre o coronavírus em seus bolsos.

Um dos dados que nos ajuda a perceber tal fato é a baixa de 4,1% no PIB (Produto Interno Bruto) de 2020. Tal número representa o pior resultado que o Brasil tem desde 1996. Além disso, uma pesquisa da PUC revela que ele seria de duas a três vezes maior, não fosse a concessão do Auxílio Emergencial.

Dessa forma, o benefício se consolida como uma necessidade e urgência na vida dos brasileiros. Contudo, o programa desse ano reduziu consideravelmente tanto o público de beneficiários, quanto seus valores. O orçamento público destinou ao benefício 44  bilhões de reais, o que representa apenas 15% do valor de 2020.

Portanto, o significado que o Auxílio Emergencial tinha para a crise econômica e sanitária do país se minimizou. Nesse sentido, então, uma a pesquisa Datafolha, da última semana, revela o descontentamento dos brasileiros com o benefício.

Valores do Auxílio Emergencial de 2021

Diferente de 2020, quando os valores do benefício variavam entre R$ 600,00 ou R$ 1.200,00, neste ano o valor caiu para menos que a metade. Dessa forma, ele varia entre:

  • Para aqueles que moram sozinho, ou seja, família unipessoal: R$ 150,00.
  • Famílias com mais de uma pessoa e que não são chefiadas por mulheres: R$ 250,00.
  • Para famílias monoparentais femininas, ou seja, de mães solo: R$ 375,00.

Em conjunto, o orçamento de 2020 foi de R$ 293 bilhões de reais para mais de 68 milhões de brasileiros. Contudo, no presente ano, o Governo Federal separou R$ 44 bilhões de reais para a concessão do Auxílio Emergencial. Até a presente data, ainda, foram 39 milhões de beneficiários que receberam a primeira parcela.

Além disso, o benefício desse ano seguirá por, ao menos, mais três parcelas. Dessa forma, é possível verificar que, provavelmente, haverá sobra do orçamento. Isto é, são 44 bilhões na reserva para o benefício e, a primeira parcela gastou 9 bilhões. Portanto, caso o mesmo valor se mantenha para as próximas parcelas, serão, aproximadamente, 36 bilhões de reais.

Dessa forma, é possível estimar que mais pessoas poderão ser inclusas no benefício, ou que ele pode ser prorrogado.

87% dos brasileiros avaliam o Auxílio Emergencial de 2021 como insuficiente

A pesquisa se realizou entre os dias 11 e 12 de maio e revelou que uma grande maioria não se satisfaz com os valores atuais. São 87% que consideram o montante insuficiente, 10% que consideram satisfatório e, por fim, 3% que entendem as quantias mais que suficientes.

Além disso, a pesquisa também indica que dos que receberam o benefício em 2020, quase 90% se encontram insatisfeitos. No entanto, apenas 49% dos que tiveram acesso ao benefício de 2020, também tiveram em 2021.

Isto é, apenas a metade do público que recebeu o benefício no ano passado segue recebendo nesse ano e, ainda, em valores menores. Aliado a isso, é importante lembrar que a crise sanitária no Brasil apenas se agrava, fato que segue impactando grandemente na economia e na subsistência dessas pessoas.

Brasileiros também se encontram insatisfeitos com suas remunerações

Ademais, os dados da mesma pesquisa também indicam que 55% dos brasileiros entendem ser insuficiente ou muito pouco os valores que eles próprios ou seus familiares ganham para sobreviver.

No entanto, o valor vai a 71% quando falamos de pessoas com a renda familiar mensal de, no máximo, dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.200. Nesse sentido, ainda, é importante lembrar que a maioria dos brasileiros recebem tal valor. Isto é, são 57% das famílias brasileiras que recebem até dois salários mínimos.

Dessa forma, vemos que grande parte da população brasileira se vê insatisfeita com o valor que ganha. Nesse sentido, ainda uma pesquisa da DIEESE revela que o salário mínimo brasileiro deveria ser R$ 5.315,74. Os aspectos que se levam em consideração são os valores mínimos de subsistência, que se encontram elevados atualmente.

Governo Federal deverá prorrogar o benefício ou reestruturar o Bolsa Família

Levando em consideração que o orçamento público que se destina ao Auxílio Emergencial e ao Bolsa Família estão com sobras, Governo Federal deverá reutiliza-lo. Assim, tanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, já se manifestaram nesse sentido.

De acordo com Paulo Guedes, portanto, “Isso pode acontecer (a prorrogação do auxílio). Têm recursos já separados para isso. O que a gente sabe é que quando ele acabar, ele tem que aterrissar no Bolsa Família mais robusto e permanente. Tem que ser bem financiado“. Dessa maneira, portanto, o próprio Governo Federal já percebe a necessidade de um prolongamento do aporte.

No entanto, alguns especialistas da área como Letícia Bertoldo, ex-secretária nacional de Renda e Cidadania, por exemplo, já criticaram a manifestação. De acordo com ela, o programa Bolsa Família não recebe um reajuste desde 2018, motivo pelo qual o aumento dos valores é necessário. Assim, a reestruturação que o Governo anuncia trata-se de um reajuste, não um aumento real.

Governo Bolsonaro apresenta taxa alta de reprovação, segundo o Poder 360

Em decorrência dos resultados com o Auxílio Emergencial, dentre outras medidas que se relacionam à pandemia da Covid-19, a taxa de aprovação de Bolsonaro diminuiu consideravelmente.

Desde o início de seu mandato, o presidente mantinha uma média de aprovação acima de 30%. Ademais, em outubro de 2020, período em que Bolsonaro havia acabado de prorrogar o Auxílio Emergencial de 2020, sua aprovação foi de 40%. Isto é, a consideração da população sobre o Governo Federal se relacionou em grande parte com o benefício. Além também, de outros pontos sobre as decisões políticas.

Tais taxas de aprovação se referem àquelas pessoas que consideram o desempenho do presidente como bom ou ótimo. Em contrapartida, portanto, aqueles que definem como ruim ou péssimo, se traduzem na taxa de desaprovação. Esta, então, oscilou entre 30 e 40% durante o seu governo, até 2020.

No entanto, os dados atuais de desaprovação chegaram a 51%, indicando o maior número até o momento. É possível perceber, inclusive, que, a partir do início de 2021, a taxa de reprovação, segundo o Poder 360, só foi aumentando. Nesse sentido, a quantia de pessoas que consideram bom ou ótimo chegou a 28% no presente mês de maio.

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