O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve pela quinta vez consecutiva a taxa Selic estável em 13,75% ao ano. A decisão foi anunciada nesta semana e mostra que a entidade financeira continua com a política monetária bastante apertada.
Em resumo, a taxa Selic corresponde ao juro básico da economia brasileira. Atualmente, os juros no Brasil estão no maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em mais de seis anos. À época, a taxa Selic estava em 14,00% ao ano, levemente acima do nível atual.
Essa decisão do BC, em manter a Selic estável, é positiva para a população, ao menos em parte, visto que não houve elevação dos juros no país. A propósito, o BC já informou que, havendo necessidade, irá aumentar os juros no Brasil.
Por outro lado, a manutenção da taxa também pode ser entendida como algo negativo, já que o nível continua muito elevado no país. Em síntese, esse é o maior patamar dos juros em mais de seis anos, e isso reflete as dificuldades que a população enfrenta para conseguir crédito no Brasil.
O Copom já havia mantido a taxa estável em setembro de 2022, interrompendo o maior ciclo de alta dos juros desde 1999. E isso também aconteceu nas quatro reuniões seguintes, com o BC mantendo os juros a 13,75% ao ano no país.
Em suma, o Copom elevou 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos. No entanto, os avanços cessaram desde setembro do ano passado.
Apesar de não subir, o alto patamar em que os juros se encontram afeta diretamente os brasileiros. Aliás, a taxa de 13,75% ao ano deverá seguir assim até meados de 2023, segundo projeções de analistas. Isso quer dizer que a manutenção da taxa Selic anunciada pelo BC veio em linha com as expectativas do mercado.
Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando o alto nível dos juros no Brasil. De acordo com o petista, o patamar elevado da taxa Selic afeta diretamente a atividade econômica do país, limitando o seu crescimento.
No início de fevereiro, o presidente Lula afirmou que o Brasil tem uma “cultura” de juros elevados que “não combina com a necessidade de crescimento” do país. Na ocasião, ele disse que tinha a obrigação de fazer críticas à decisão do BC porque era cobrado sobre isso por ser o presidente do Brasil.
Lula também criticou algumas vezes a meta central para a inflação no Brasil em 2023. Segundo o presidente, a meta pressiona o BC a elevar os juros para, assim, cumpri-la, e tudo isso limita o crescimento econômico.
Por falar nisso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
Como a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação, a entidade financeira optou por mantê-la estável nas últimas reuniões.
Aliás, a Selic não recuou no país, apesar da pressão do governo, porque o BC ainda está avaliando as variações da inflação, que pode voltar a impactar a população brasileira de maneira mais intensa nos próximos meses. Por isso, nem descartou a possibilidade de voltar a elevar os juros no país.
Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.
A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic nos dois últimos anos.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Contudo, a inflação segue elevada, ainda mais após a retomada da cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol. Em meio a esse cenário, a expectativa é que os juros continuem elevados por mais alguns meses.