O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na última quinta-feira (11) que, ao contrário do que muitos acreditam, os bancos não estão em desvantagem ao permitirem transações do tipo Pix.
Segundo o executivo, as instituições financeiras que usam o sistema também saem ganhando. Campos Neto ainda ressalta que os próprios bancos ajudaram no desenvolvimento da ferramenta de pagamentos instantâneos.
Ademais, as possíveis perdas geradas pelo uso do Pix são repostas considerando a circulação do dinheiro e a abertura de novas contas.
“Eu quero já dizer que não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix. Inclusive, a gente deve, em algum momento, soltar algum tipo de estudo mostrando isso. Você tem uma perda de receita em transferência, mas, por outro lado, novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, o que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, então o transacional aumenta”, disse o presidente do BC.
Grandes bancos não oferecerão o consignado do Auxílio Brasil
O Bradesco, Itaú, Santander, Nubank e BMG são algumas das instituições financeiras que não irão oferecer o crédito consignado do Auxílio Brasil. A negativa acontece, principalmente, após o governo anunciar que a medida não possui um limite referente a taxa de juros a ser cobrada.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, esclareceu que o banco não pretende oferecer a modalidade de crédito uma vez que a operação conta com altas taxas de juros (sem teto estabelecido).
“Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis. Em vez de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que a pessoa terá mais dificuldade quando o benefício cessar”, disse.
Já os demais bancos privados, como o Itaú, Santander, Nubank, BMG e Inter, afirmaram não ter perspectivas de trabalhar com o consignado do Auxílio Brasil. Eles ainda ressaltam que não irão disponibilizar o empréstimo, assim como o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob).
De acordo com o coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, Lauro Gonzalez, as instituições financeiras não querem arriscar ter uma garantia representativamente baixa para oferecer o empréstimo para a população pobre ou extremamente pobre.
O especialista destaca que a atitude convergiria com às práticas ESG (meio ambiente, social e governança na sigla em inglês).
“As instituições que de fato estejam investindo em políticas ESG vão se questionar muito se entram ou não nesse mercado e, provavelmente, não vão entrar porque parece que há quase um consenso sobre, digamos assim, a ruindade dessa medida.”