Pela primeira vez na história do Real, o número de cédulas e moedas em circulação no Brasil diminuiu. De acordo com dados do Banco Central do Brasil, atualmente o país possui 7,6 bilhões de cédulas e 28,6 bilhões de moedas em circulação, totalizando R$ 339 bilhões. Em 2020 o valor total de dinheiro físico circulando era de R$ 370 bilhões.
Para o Banco Central, a queda no dinheiro em espécie circulando no Brasil tem relação com a digitalização na economia, tendo em vista que a população tem aderido cada vez mais a meios de pagamento eletrônicos. O BC ainda declarou que a diminuição da circulação de dinheiro físico seria ainda maior sem a pandemia.
“A tendência é que tenhamos mais quedas do meio circulante, porque estamos transacionando cada vez mais por meios eletrônicos. A tendência é que a moeda seja digital no futuro”, disse Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV ao portal Poder 360.
Queda da circulação de dinheiro físico
Com a globalização e a implementação de novas tecnologias todos os dias, a população tem mudado a maneira de lidar com dinheiro. Nesse sentido, utilizar meios de pagamentos digitais em situações cotidianas tem se tornado cada vez mais comum, seja pagando com cartões de crédito/débito, PIX ou utilizando carteiras digitais.
Além desses meios de pagamento digitais, os brasileiros têm se inserido cada vez mais no mercado de criptomoedas. Segundo Jonathan José Formiga de Oliveira, auditor da Receita Federal, o volume médio de negociação de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas dobrou em um ano. Atualmente, aproximadamente 220 mil cidadãos negociam criptomoedas mensalmente no Brasil.
Saiba mais sobre o Real Digital
O Banco Central vem trabalhando em diversas ações que viabilizem a substituição do dinheiro físico por movimentações digitais, como o PIX, CBDC e Open Banking. Ademais, desde 2020 está no radar da autarquia a implementação do Real Digital.
“É uma moeda digital só para pagamentos de câmbio? Não. É uma moeda digital que entendemos que vai se estender e vai substituir a moeda física aos poucos”, disse Roberto Campos Neto, presidente do BC, durante o lançamento oficial dos planos do Real Digital.
Para Campos Neto, a proposta do BC é que o Real Digital funcione como uma extensão do real. Desse modo, ela deve ser distribuída ao público por meio dos bancos e fintechs, que terão a custódia do ativo. Vale ressaltar que as instituições não poderão utilizar esses recursos para aplicações ou empréstimos.
“Como vão ser as trocas, as negociações no futuro? A gente entende que em algum momento esse movimento de ‘tokenização’, ou seja, transformar títulos em códigos numéricos e ser negociado via plataforma de blockchain, a gente entende que isso é um ‘network’ que, independente de as pessoas gostarem ou não da criptomoeda, o ‘network’ em si é muito proveitoso, eficiente”, disse o presidente do Banco Central.
O presidente do BC ainda declarou que a expectativa é de que, no futuro, exista uma grande quantidade de contratos inteligentes operados com o Real Digital. O Banco Central enxerga essa novidade como algo que deve ser aderido com facilidade pelos brasileiros, que têm buscado cada vez mais possibilidades para lidar com dinheiro.