Banco Central: projeções para a evolução do crédito em 2021 e 2022
O Banco Central apresenta as projeções de crescimento do saldo das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) para 2021 e 2022.
Sendo assim, as novas projeções incorporam as informações de crédito divulgadas desde o último Relatório de Inflação, assim como a evolução recente da conjuntura econômica.
Os dados do mercado de crédito bancário divulgados desde o último Relatório mostraram desempenho acima do esperado nos segmentos para pessoas físicas (PF) e em linha com o esperado para pessoas jurídicas (PJ).
Conforme aponta o relatório divulgado pelo BC, no segmento de crédito livre às famílias destacam-se as trajetórias do cartão de crédito à vista e do crédito pessoal não consignado.
Financeiros imobiliários
No crédito direcionado, os financiamentos imobiliários continuam impulsionando o crescimento do saldo para as famílias, porém a perspectiva de juros mais elevados sugere arrefecimento dessa modalidade nos próximos meses, com maior impacto em 2022.
Já o crédito rural, por sua vez, segue surpreendendo positivamente, em linha com os preços elevados das commodities e a ampliação dos recursos no Plano Safra 2021/2022. O ritmo de expansão do crédito para as empresas continua diminuindo.
Em sua composição, há ganho de participação das linhas de desconto de recebíveis, de prazo mais curto, em detrimento do capital de giro. Apesar da nova rodada do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) iniciada em julho, a tendência esperada para o saldo de crédito PJ direcionado também é de progressiva desaceleração.
Neste contexto, a projeção de crescimento do saldo das operações de crédito do SFN em 2021 foi elevada de 11,1% para 12,6%. O aumento decorre de surpresas positivas nos últimos três meses nos saldos de pessoa física, em linha com a recuperação da mobilidade e o avanço da vacinação.
Créditos PF
As modalidades de crédito PF com recursos livres tiveram a variação do saldo revisada de 14,0% para 18,0% e as com recursos direcionados de 13,0% para 14,0%. Nos financiamentos às empresas, as projeções do último Relatório foram mantidas.
Dessa forma, para 2022, projeta-se crescimento de 8,5% do estoque de crédito, uma desaceleração que se aplica tanto a pessoas físicas (11,1%) como jurídicas (5,0%). Essa menor taxa de expansão do crédito nominal decorre do menor ritmo de crescimento esperado da atividade econômica e do ciclo atual de aperto monetário.
O crescimento relativamente mais elevado para as famílias reflete a perspectiva de gradual melhora no mercado de trabalho. Por outro lado, a elevação em curso das taxas de juros contribui particularmente para a atenuação do crescimento das novas contratações de crédito imobiliário.
A demanda por crédito bancário PJ
Assim sendo, segundo o BC, no segmento PJ, as empresas de maior porte devem continuar a buscar fontes de financiamento alternativas ao crédito bancário doméstico, como captações no exterior e emissões de títulos de dívida, que tiveram aumento relevante nos últimos meses. Esse movimento contribui para arrefecer a demanda por crédito bancário PJ.
Adicionalmente, a menor expansão do crédito esperada também decorre de um processo de normalização da alavancagem das empresas, em especial daquelas que aumentaram seus financiamentos nos momentos mais críticos da crise sanitária em 2020 e 2021 por motivos precaucionais.
No crédito direcionado, a amortização gradual dos programas emergenciais de crédito deve contribuir para essa desaceleração, ainda que os desembolsos do Pronampe em 2022 possam ser próximos aos esperados para o ano corrente, aponta o relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil.