A pandemia da Covid-19 trouxe grande desafios para a organização de diversas atividades. Nesse sentido, o uso de meios digitais se fez importante pela necessidade de distanciamento social.
Por esse motivo, até mesmo os programas sociais do governo deram prioridade para esse modo de operação. Assim, foi possível unir a criação de um apoio governamental aos mais vulneráveis com o cumprimento das medidas de segurança sanitária.
Desse modo, as operações financeiras por meio de aplicativos e outras plataformas online cresceram, principalmente, com o Auxílio Emergencial. Muitos dos beneficiários precisaram aprender a utilizar o aplicativo para pagar contas digitalmente, ou, ao menos, para gerar o código de saque.
Mais pessoas entraram no mercado financeiro
Nesta quinta-feira, 11 de novembro, o Banco Central apresentou o Relatório de Cidadania Financeira. Neste documento, então, este indica que o Auxílio Emergencial do Governo Federal teve um importante papel de tornar popular as instituições de pagamento.
Isto é, empresas que facilitam e possibilitam a oferta de cartões pré-pagos, além de aplicativos que movimentam os valores do cidadão e, por fim, as máquinas de cartão para venda de produtos e serviços.
Ademais, o Banco Central também demonstrou que já são 96% de adultos, ou seja, pessoas com mais de 15 anos de idade, que possuem um vínculo com o sistema financeiro. Estes números são de 2020, o que demonstra um grande crescimento quando em comparação com o ano de 2017, momento em que este número era de 86,5%.
Contudo, também é importante identificar a velocidade em que este crescimento aconteceu, já que, anualmente, este percentual apenas crescia cerca de 1 ou 2%. Isto é, em 2018 foram 87% de adultos nesta relação e, em seguida, 89% em 2019. Portanto, o salto para 2020 foi bem maior e, justamente, na época da criação do Auxílio Emergencial.
O que isso significa?
Quando se diz que mais adultos estão no sistema financeiro, isso não significa apenas contas em banco ou em instituições de pagamento. Fala-se, também de cooperativas, instituições de crédito e movimentações no mercado de capitais. Desse modo, é possível visualizar um crescimento da população com conta corrente, poupança, de investimento ou de pagamento.
O Bando Central, ainda, explicou a relação do Auxílio Emergencial com este crescimento. “A pandemia da Covid-19 trouxe enormes desafios à sociedade brasileira, demandando do poder público ações para enfrentar seus efeitos econômicos. No Brasil, houve, entre outras iniciativas, a introdução de um auxílio financeiro para parte da população: o Auxílio Emergencial. Esse auxílio teve como efeito imediato a abertura de milhões de novas contas para o seu recebimento, o que explica, em parte, o aumento significativo de novos relacionamentos em 2020”, informou.
As instituições de pagamento também tiveram seu papel
Indo adiante, o relatório também indicou como as instituições de pagamento tiveram um importante papel na construção deste novos relacionamentos com os brasileiros.
Isto é, com as mudanças do ano passado, os provedores deste tipo de serviço financeiro se diversificaram e, então, as instituições de pagamento puderam entrar neste espaço. Assim, estas tiveram 30% dos 14 milhões de vínculos novos.
De acordo com o Banco Central se consideram instituições de pagamento as que tornam compra e venda viável. Além disso, são aqueles que proporcionam a movimentação de recursos online, sem que se utilize o valor de maneira física.
Por esse motivo, o Banco Central entende que este dado “evidencia o crescimento da demanda por canais de relacionamento digitais”. Portanto, é possível constatar que mais pessoas irão utilizar os serviços financeiros sem a necessidade de se dirigir a um espaço físico.
Qual era o perfil dos beneficiários de programas sociais?
Indo adiante, o Banco Central também avaliou os participantes do Cadastro Único do Governo Federal. Isto é, aquele que identifica pessoas vulneráveis e possibilita a participação em diversos programas sociais.
Desse modo, foi possível perceber que nesta população também houve um crescimento de contas em instituições de pagamento. Nesse sentido, eram 9,4% dos participantes do Cadastro Único com uma conta neste tipo de instituição em 2018. Já em 2020, este número cresceu para 30,9%.
Muitos dos participantes do Auxílio Emergencial vieram do Cadastro Único, o que justifica este crescimento. Contudo, boa parte dos beneficiários solicitaram sua participação através do próprio aplicativo Caixa Tem. Estes, então, representam 38 milhões de um total de 68 milhões de beneficiários do Auxílio Emergencial em 2020.
A renda também é fator de diferença
Além disso, o relatório também demonstra o quanto cada classe econômica tinha de saldo de crédito no final do ano. Assim, é verifica-se que aqueles de baixa renda tinham R$ 258 bilhões, já os de renda média contavam com R$ 914 bilhões.
Por fim, a população de renda alta, o que representa apenas 10% dos brasileiroschegou a cerca de R$ 1 trilhão. Sendo ainda mais seletivo, os 1% mais ricos do país, contudo, contavam com R$ 396 bilhões de saldo do extrato.
Apesar das diferenças acima, o Banco Central indicou uma maior participação das classes de renda baixa. “Em termos de quantidade de clientes, percebe-se que, nas modalidades de cartão de crédito e de empréstimo com consignação em folha, há uma participação maior da população de baixa renda. Para a faixa de alta renda, a participação nas modalidades de crédito habitacional, veículos, rural e agroindustrial se destaca em relação ao restante da população”, esclareceu.
O número de agências bancárias caiu
Como consequência de uma maior digitalização das movimentações financeiras, também foi possível verificar mais fechamentos de agências bancárias.
Portanto, o relatório demonstra que em 20218, o Brasil contava com 21.184 agências bancárias. Em seguida, em 2020, ano da pandemia e concessão do Auxílio Emergencial, este número desceu para 18.901.
Por outro lado, também em 2018, o país tinha 15.898 postos de atendimento. Já em 2020, estes tiveram um salto, chegando a 18.050.
“A presença física do sistema financeiro foi fortalecida com o aumento da quantidade de postos de atendimento e correspondentes bancários, apesar da redução na quantidade de agências. O Brasil continua a ter pelo menos um canal de atendimento em todos os municípios”, indicou o relatório.
Esta informação sobre as agências pode ficar ainda mais evidente com a queda de 14% do uso do internet banking. Enquanto isso, entre 2018 e 2020 a movimentação por celulares aumentou 56%. Nesse sentido, o Banco Central entende que a população mais jovem possui uma grande participação.