As cidades brasileiras que proporcionalmente mais recebem o Auxílio Brasil do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) são aquelas que mais votaram no ex-presidente Lula (PT). Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na votação registrada no primeiro turno das eleições. Os números consideram as 100 cidades que mais pegam o benefício.
O caso mais marcante é o do município de Severiano Melo, no Rio Grande do Norte. Dados do Ministério da Cidadania apontam que esta é a cidade que registra a maior proporção de habitantes aptos ao recebimento do Auxílio Brasil. Estamos falando de 64% da população. Na cidade, Lula obteve 78,96% dos votos, e Bolsonaro ficou com 14,94% da votação válida.
Os dados do TSE apontam ainda que Lula teve um desempenho muito acima da média em todas as 100 cidades mais atendidas pelo benefício. Em 99 delas, ele obteve mais da metade dos votos válidos. A única em que não atingiu este limite foi Jacareacanga, na Bahia. De todo modo, o ex-presidente teve larga vantagem e obteve 49,73% dos votos válidos no município.
Por outro lado, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) registrou os seus melhores desempenhos nas cidades que proporcionalmente menos recebem o dinheiro do Auxílio Brasil. Em Fagundes Varela, no Rio Grande do Sul, apenas 0,11% da população recebe o benefício. No município, Bolsonaro registrou 72,02% dos votos válidos, enquanto Lula teve 19,73%.
A partir destes dados não é possível cravar que existe uma relação entre o recebimento do Auxílio Brasil e a votação na urna. Afinal de contas, não é possível descobrir se os usuários realmente votaram em Lula, ou se o ex-presidente recebeu mais votos dessas cidades mais pobres por outros motivos. De todo modo, é possível afirmar que o esforço de Bolsonaro para conseguir os eleitores das cidades mais pobres não surtiu efeito.
Vale lembrar que o Auxílio Brasil do Governo Federal passou por uma série de mudanças nos últimos meses. Em julho, o Congresso Nacional aprovou a chamada PEC dos Benefícios. Entre outros pontos, o texto permitiu a liberação de R$ 41 bilhões para o poder executivo em pleno ano eleitoral.
Com esta abertura no orçamento, o Governo conseguiu aumentar o tamanho do Auxílio Brasil às vésperas das eleições presidenciais. Uma das mudanças mais significativas foi no valor, que passou de R$ 400 para R$ 600 mínimos. O novo montante já está valendo desde agosto.
O número de usuários do benefício também cresceu. Entre os meses de agosto e outubro, a quantidade de brasileiros aptos ao recebimento do projeto passou de 18 milhões para pouco mais de 21 milhões de beneficiários.
Mesmo que depois do aumento de tamanho do Auxílio, o presidente Jair Bolsonaro ainda não tenha colhido os frutos eleitorais desejados, a campanha do candidato do PL deve seguir focando no assunto. Nesta semana, ele vem reforçando as propostas.
Antes mesmo do fim do primeiro turno, Bolsonaro chegou a dizer que pagaria um adicional de R$ 200 por cidadão que conseguir um emprego formal. De acordo com ele, a ideia é fazer com que os usuários do Auxílio não tenham medo de procurar um emprego.
Nesta semana, Bolsonaro começou a indicar que poderá pagar uma espécie de 13º salário para as mulheres que fazem parte do benefício. Contudo, ele mesmo já admitiu que não conseguirá realizar o repasse do adicional este ano por causa das exigências da Lei Eleitoral.