O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta segunda-feira (22) que o governo realizará uma nova revisão na faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) em 2024.
Durante sua participação no Programa Roda Viva da TV Cultura, Haddad destacou a necessidade dessa revisão devido ao aumento do salário mínimo. Ademais, ele mencionou que o presidente Lula solicitou uma análise para ajustar a questão da faixa de isenção.
No ano passado, o governo emitiu uma Medida Provisória em maio, modificando a faixa de isenção do imposto de renda de R$ 1.903,98 para R$ 2.112.
Além disso, o texto incluiu um desconto mensal de R$ 528 na fonte para isentar aqueles que recebiam até dois salários mínimos.
Em termos práticos, isso significava que quem ganhava até R$ 2.640 (R$ 2.112 + R$ 528), equivalente a dois salários mínimos em 2023, ficaria isento do Imposto de Renda para pessoa física.
Entretanto, a entrada em vigor de um novo patamar de salário mínimo em 1º de janeiro deste ano, fixado em R$ 1.412, implicou que aqueles que recebem até dois salários mínimos, agora totalizando R$ 2.824, voltarão a ser tributados.
A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) alertou sobre essa mudança.
Em uma entrevista na manhã de terça-feira (23), o presidente Lula confirmou a intenção do governo de corrigir a tabela do Imposto de Renda. Adicionalmente, ele afirmou que essa missão será conduzida por Haddad.
Quer saber muito mais sobre essa importante mudança? Confira o artigo completo abaixo.
Entenda melhor sobre as mudanças no Imposto de Renda
Aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2023, a reforma tributária focalizada nos impostos sobre consumo apresenta uma importante etapa para a modernização do sistema fiscal do país.
Um destaque significativo desse processo é o estabelecimento de um prazo de 90 dias para que o governo encaminhe ao Congresso Nacional propostas de alterações na tributação sobre Imposto de Renda
O Ministro da Fazenda expressou que a equipe econômica está ativamente buscando inspiração nas melhores práticas internacionais para moldar as mudanças propostas.
Contudo, até o momento, não foram fornecidos detalhes específicos sobre as diretrizes que estão sendo exploradas pelo Executivo nesse contexto.
“O Brasil cobra muito imposto sobre consumo, o que onera mais o pobre do que o rico, que consome mais em proporção da renda do que o rico, e cobra pouco sobretudo de quem ganha muito”, disse.
Este ano, o governo concentrará esforços na regulamentação da reforma tributária, abordando aspectos centrais que demandam definição.
Embora os contornos gerais da proposta estejam consagrados na Constituição, alguns pontos sobre a Imposto de Renda cruciais aguardam especificação, destacando-se:
- Cesta básica e isenções fiscais: um dos focos será a deliberação sobre a composição da cesta básica, a qual usufruirá de isenção nos futuros impostos sobre consumo em âmbito federal, estadual e municipal;
- Operacionalização do “Cashback”: outro ponto relevante a ser detalhado diz respeito à operacionalização do sistema de “cashback”. Se trata de um mecanismo inovador consiste na devolução de parte do Imposto de Renda pago às famílias de baixa renda;
- Prazo para regulamentação: a proposta estabelece um prazo de 180 dias para o encaminhamento dessa regulamentação ao Legislativo.
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Complicações do governo com o Banco Central
O ministro da Fazenda destacou recentemente a complexidade da relação entre o governo e o Banco Central (BC).
O presidente Lula criticou persistentemente o atual presidente do BC, Campos Neto, e suas políticas monetárias, especialmente a definição da taxa básica de juros (Selic). Que, dentre outras coisas, afeta diretamente o Imposto de Renda.
Isso, sem dúvidas, aponta para uma tensão na dinâmica entre o governo e o órgão regulador financeiro.
Afinal, o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por decidir sobre a Selic a cada 45 dias, terá uma reunião crucial nos dias 30 e 31 de janeiro, alimentando as discussões sobre a política econômica.
O que acontece é que, a autonomia do BC, aprovada durante a gestão de Bolsonaro, impede mudanças na diretoria pelo presidente Lula.
Quanto à sucessão na presidência do BC, o ministro Haddad indicou que a decisão ainda não foi discutida com Lula, sugerindo um possível adiamento para meados do ano. Lula tem a prerrogativa de escolher entre os diretores indicados por ele anteriormente.
A decisão final, segundo Haddad, será baseada em considerações estratégicas e avaliação das competências dos indicados.
Dentre eles estão nomes como Gabriel Galípolo, Ailton Aquino, Paulo Pichetti e Rodrigo Teixeira, indicados por Lula em 2023.
Por fim, vale mencionar que, o desfecho dessa indicação impactará significativamente o cenário econômico e político do país.