O Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse em entrevista nesta sexta-feira (30) que não gostou dos cortes do Governo em programas sociais. Ele está se referindo à redução de verba para o projeto Minha casa Minha Vida pelo Presidente Jair Bolsonaro.
Recentemente, Bolsonaro fez algumas mudanças significativas no plano de Orçamento do Governo Federal para este ano. Ele vetou cerca de R$ 20 bilhões do documento, e também bloqueou cerca de R$ 9 bilhões. Esse segundo montante pode até passar por uma liberação, mas só se o Planalto tiver esse dinheiro livre.
Essa decisão afeta diretamente portanto o programa Minha Casa Minha Vida. Pela projeção, a nova regra vai paralisar cerca de 250 mil obras da faixa 1 do projeto. E essa paralisação deve acontecer neste mês de maio. Essa é a faixa que atinge as pessoas mais humildes.
Para se ter uma ideia do baque, o programa iria poder usar cerca de R$ 2,1 bilhões para as obras neste ano de 2021. No entanto, depois das mudanças no Orçamento, esse montante para uso agora é de cerca de R$ 100 milhões, ou seja, não foi uma queda pequena.
O Presidente da Câmara disse que não gostou nada disso e que vai propor mudanças nesse Orçamento mais uma vez. Antes disso, entretanto, ele vai conversar com o Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que também vem se opondo aos cortes.
O que diz o Presidente da Câmara
Sem citar diretamente o Presidente Jair Bolsonaro, Lira disse em entrevista que vai conversar com alguns ministros antes de começar qualquer trabalho de alteração do Orçamento para este ano. No entanto, em sua fala ele disse que essa é uma questão urgente.
“Nós, da Câmara, demonstramos à parte técnica do governo que poderíamos fazer diversos ajustes porque o Orçamento é uma peça autorizativa, de modo que deixasse esses setores que são primordiais, essenciais para o Brasil, tanto o setor produtivo, como esses assuntos, como casa própria, construção pela metade, isso não existe no Brasil do século 21”, disse ele.
Além da área de projetos sociais, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também vem criticando internamente o corte em sua pasta. De acordo com as informações do próprio Orçamento, a tesourada do Governo no setor ambiental ficou na casa dos R$ 240 milhões.
Bolsonaro e Lira
Vale lembrar que Jair Bolsonaro e Arthur Lira são aliados políticos. O Presidente do Brasil, aliás, ajudou na eleição de Lira para a Presidência da Câmara no último mês de fevereiro. Apesar de sempre afirmar que apenas torceu por Lira, o fato é que Bolsonaro atuou na sua campanha.
Logo depois da vitória do aliado, o Presidente fez algumas concessões ao grupo político Centrão. Talvez uma das principais delas foi colocar o então Deputado João Roma (Republicanos-BA) para comandar o Ministério da Cidadania em pleno planejamento do Auxílio Emergencial.
Essa não foi a primeira vez que Lira criticou algo do Governo Federal. Mesmo aliado, o Presidente da Câmara também criticou aquilo que ele chamou de demora no pagamento do Auxílio Emergencial. O Governo Federal não respondeu nenhuma das críticas do alagoano.