Arcabouço fiscal: veja o que deve mudar para os servidores

Arcabouço fiscal: veja o que deve mudar no reajuste dos servidores

Urgência do novo arcabouço fiscal pode ser votada nesta quarta-feira (17). Votação do mérito pode acontecer na próxima semana

O relator da proposta do arcabouço fiscal, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) entregou ao Congresso Nacional a versão final do texto. O documento estabelece uma série de regras para o controle do aumento das despesas do poder executivo a partir do próximo ano. Em caso de aprovação, até mesmo os servidores públicos poderão sentir um impacto.

Segundo as informações oficiais, o texto do arcabouço conta com travas que visam impedir o Governo Federal de aplicar reajustes para os salários dos servidores. Contudo, não se trata de uma regra. Em tese, o poder executivo só não vai poder conceder a elevação dos salários desses trabalhadores nos anos em que não conseguir cumprir a chamada meta fiscal.

O chamado gatilho que foi inserido no texto original tem a função de fazer com que o documento tenha os votos da ala mais liberal do Congresso Nacional. Há a avaliação de que estes deputados não estavam dispostos a votar pela aprovação do documento por avaliar que as regras estariam muito permissivas e que o Governo estaria livre para gastar como desejasse a partir do próximo ano.

Se, por um lado, foi uma vitória para a ala mais liberal, a inclusão deste gatilho pode ser lida como uma derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Informações de bastidores davam conta de que o petista fazia questão de deixar o reajuste dos servidores de fora do arcabouço fiscal, mas ele acabou perdendo esta queda de braço.

Além da questão do reajuste para os servidores, o relator do arcabouço fiscal indicou que esta regra também vale para os concursos públicos, Na prática, se o governo não conseguir cumprir a meta fiscal anual não mais poderá convocar tais concursos, sob pena de estar cometendo um crime de responsabilidade fiscal.

E o Bolsa Família?

Os gastos com o Bolsa Família devem seguir uma lógica diferente. Dentro do arcabouço fiscal haverá espaço mais do que suficiente para seguir bancando o benefício nos mesmos moldes que estão sendo registrados hoje. Assim, em caso de aprovação, o programa que faz pagamentos de R$ 600 por mês seguiria valendo em 2024.

Contudo, o Governo Federal deverá seguir todas as metas fiscais caso deseje pagar um reajuste para o programa. Na prática, o cidadão só vai conseguir receber um aumento no Bolsa Família se o poder executivo conseguir cumprir com todas as metas estabelecidas no texto.

Em entrevista, o deputado Cajado disse que há ainda a possibilidade de abrir uma brecha para tal situação. Caso o Governo não consiga cumprir a meta e ainda assim deseje elevar o valor do Bolsa Família, poderá aplicar o aumento desde que consiga aprovação do Congresso Nacional.

E o salário mínimo?

Os gastos com o salário mínimo foram os únicos que ficaram completamente fora do novo arcabouço fiscal. De acordo com as informações oficiais, em caso de aprovação do texto, o Governo terá total liberdade para elevar o valor dos repasses todos os anos mesmo se não cumprir as regras fiscais.

As elevações, aliás, poderão ser reais, ou seja, um aumento que considera a inflação e alguma outra variável. Na prática, os trabalhadores poderão elevar o seu poder de compra, considerando um cenário em que o arcabouço seja oficialmente aprovado.

Vale lembrar que o Governo Federal acabou de enviar ao Congresso Nacional o seu Plano Nacional de Valorização do Salário Mínimo. Trata-se do documento que vai estabelecer a regra que será seguida para a definição dos valores.

Aprovação do arcabouço

Em entrevista recente, a Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB) disse que está confiante na aprovação do arcabouço.

“Todos os programas sociais ficariam comprometidos naquilo que avançou do ano passado para cá. Então, eu acho que este é o grande motivo que nos anima a entender que o Congresso Nacional terá sensibilidade de avaliar o novo arcabouço fiscal e ver que o arcabouço fiscal seria a saída para que nós pudéssemos cumprir aquilo a que todos nós nos comprometemos: responsabilidade social sem descuidar do fiscal”, disse ela.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Obrigado por se cadastrar nas Push Notifications!

Quais os assuntos do seu interesse?