Depois de um período de tensão entre os funcionários de todo o país, a empresa Americanas começou o processo de demissão. Segundo as informações oficiais, os primeiros desligamentos estão sendo registrados apenas para os casos de funcionários indiretos nas cidades do Rio de Janeiro e de Porto Alegre.
A Americanas deu entrada no período de recuperação judicial no último dia 19, e desde então há uma preocupação com os trabalhadores da rede. Estima-se que a varejista tenha uma dívida de mais de R$ 20 bilhões. Segundo apurações do jornal Folha de São Paulo, as demissões tendem a crescer.
Como dito, os primeiros relatos de demissões estão acontecendo nas cidades do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. O Rio, aliás, é a cidade que sedia a companhia. A empresa foi fundada na capital carioca em 1927 por imigrantes dos Estados Unidos, o que explica o nome Americanas.
Logo depois desta etapa inicial de demissões, a empresa deverá focar no estado de São Paulo. Trata-se da unidade da federação que registra o maior número de lojas e de centros de distribuição das Americanas em todo o país. Ainda não é possível cravar quantos funcionários poderiam ser demitidos nesta nova leva.
O Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro e de São Paulo disseram que neste primeiro momento não há relatos de cortes de trabalhadores que possuem contrato ativo com a empresa. A rede estaria, portanto, realizando demissões de pessoas que não possuem ligação direta com esta rede.
De todo modo, a Folha de São Paulo apurou que na cidade de Porto Alegre já existem casos de demissões de pessoas que trabalhavam há menos de um ano. Oficialmente, a empresa não vem falando sobre o assunto, e nas últimas declarações disse que está em contato constante com os representantes dos trabalhadores.
Governo analisa situação
Nesta segunda-feira (30), os Ministros do Trabalho, Luiz Marinho (PT) e da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), participaram de uma reunião com representantes de Centrais Sindicais justamente para debater o tema.
Os sindicalistas pediram aos representantes do Governo para que eles façam algo para ajudar os trabalhadores que possam vir a ser demitidos da empresa. Contudo, o Planalto ainda não vem se manifestando sobre o que vai fazer na prática.
“O intuito de vir fazer uma visita hoje a vocês (sindicatos) é ouvir mesmo. Não tem uma proposta de governo de como enfrentar (a crise). Viemos ouvir estratégias de parte dos trabalhadores. E podemos estar à disposição para dialogar junto com a empresa. É preciso muita sensibilidade”, disse Marinho.
Vale lembrar que como as Americanas entraram com o processo de recuperação judicial antes de demitir os funcionários, os chamados passivos trabalhistas não poderão mais ser incluídos no plano de pagamento dos credores.
Protesto
Sindicalistas preparam para esta semana a realização de uma série de protestos pelo Brasil justamente para pedir mais atenção aos trabalhadores da varejista. No Rio de Janeiro, por exemplo, há a expectativa de uma manifestação na Cinelândia, no Centro da cidade, na próxima sexta-feira (3).
“Nós já temos conhecimento que as demissões começaram, mas a empresa não se comunica e deixa os funcionários aflitos, em estado de apreensão”, disse Nilton Neco Souza da Silva, representante dos comerciários da Força Sindical.