Amazonas esperava 78 mil doses de vacina, mas recebeu só 2 mil por possível ‘confusão’ de Pazuello
O Amazonas recebeu 76 mil doses de vacina contra Covid-19 a menos do que esperava nesta quarta (24). O estado contava com 78 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde, mas recebeu somente 2 mil por conta de um possível erro de interpretação da planilha com a divisão de doses por estado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Desde janeiro, o sistema de saúde local está em crise, com falta de leitos e de oxigênio, insumo essencial no tratamento da Covid-19 grave. Com isso, em menos de 2 meses de 2021, o Amazonas registrou mais mortos pela doença do que em todo ano passado.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, comentou sobre a “confusão” do Ministério da Saúde no envio de vacinas contra Covid-19.
“Houve alguma confusão, a gente recebeu apenas 2.000. Estamos ligando para o Ministério da Saúde. Acho que agora o risco de faltar [vacinas] vai ser menor. Até o fim de semana a gente deve ter outro lote. A sinalização é que até o fim de fevereiro a gente receba [vacinas] para ter um fôlego por uns 15 dias”, diz Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas.
Como a planilha do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mostra que o Amapá deveria receber 2 mil doses, e não o Amazonas, o secretário de Saúde do Amapá, Juan Mendes, acredita que houve uma confusão por parte do Ministério da Saúde.
“Essa informação está inclusive no documento de entrega do dlog [departamento de logística], mas ainda não fomos informados pelo Ministério da Saúde. Vamos aguardar a instrução do ministério e procederemos de acordo com ela”, afirmou Juan.
Relembre algumas das críticas a Eduardo Pazuello
O ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, tem sido alvo de críticas de diversos setores por conta da gestão da pandemia de Covid-19 pelo Ministério da Saúde. A CNM (Confederação Nacional de Municipios), entidade que reúne 5.200 prefeitos dos 5.565 municípios do país, chegou a pedir a saída do ministro “para o bem dos brasileiros”.
A FNP (Frente Nacional de Prefeitos), que representa 412 municípios com mais de 80 mil habitantes, também criticou o Ministério da Saúde e o governo federal pelas falhas na gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil, atribuindo a escassez de vacinas aos “sucessivos equívocos do governo federal na coordenação do enfrentamento à covid-19”.
A microbiologista Natalia Pasternak criticou o atraso da vacinação contra Covid-19 no Brasil, em entrevista à Globo News. Segundo a especialista, a falta de diretrizes claras do Ministério da Saúde para o PNI (Plano Nacional de Imunização) causará atrasos.
“É preciso desburocratizar a vacinação no Brasil para que ela possa andar mais rapidamente. Está muito confuso. Alguns lugares pedem termo de consentimento, alguns estão vacinando rápido e já entregam a carteirinha, mas outros têm filas quilométricas e fazem um questionário”, criticou a especialista.