A pandemia do novo coronavírus ressaltou ainda mais as diferenças sociais que existem no Brasil, sobretudo quando falamos de educação. Alunos de baixa renda e que vivem em regiões distantes, por exemplo, não têm acesso à internet e precisam ouvir as aulas por meio do rádio.
Foi essa a solução que professores de Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, encontraram para transmitir os conteúdos referentes a cada série escolar para aqueles estudantes que não possuem internet em casa.
Além das plataformas online, as escolas estaduais estão tentando se conectar com todos os alunos de forma igualitária. Mas para isso tiveram que buscar meios alternativos. As rádios comunitárias estão sendo excelentes aliadas nesse sentido.
Professor teve ideia das aulas por rádio
José Humberto de Moura Cavalcanti, professor da ETE Limoeiro, juntamente com um de seus alunos, de 16 anos, e que atua como locutor de uma rádio comunitária, teve a iniciativa das aulas radiofônicas.
O educador mobilizou os professores da instituição para produzirem conteúdo para serem veiculados na rádio comunitária.
Todo dia, são 10 minutos na programação da Rádio Princesa do Capibaribe, com matérias de cada disciplina. Por conta do tempo, o projeto ganhou o nome de Minuto 10.
A professora de português Gabriella Santos conta como foi criado esse programa de ensino.
“O professor de matemática Edilson entrou em contato com a rádio comunitária da cidade e conseguimos 10 minutos para que a gente pudesse enviar esses áudios à rádio e ele serem veiculados. São 10 minutos e as aulas passam durante toda a programação. Se o estudante não ouviu no horário, das 6h às 7h, ele pode acompanhar em outro horário”, disse a educadora
Alunos enfrentam dificuldades
Os alunos da zona rural pernambucana relatam que fica muito caro custear a internet para assistir às aulas por meio do celular, que às vezes, é o único aparelho disponível em casa.
José Lyncoln Correia, por exemplo, tem vontade de prestar vestibular para gastronomia, mas não consegue seguir os conteúdos pela web. “Acompanhar ficava difícil, porque como eu não tenho acesso fácil à internet, fica muito ruim. Eu uso a internet do celular, dos dados móveis. Aí, para eu assistir a aula, a chance de não ter internet para concluir as atividades é grande. Gasto R$ 10 por semana, é bastante caro e, com a pandemia, todo mundo está apertado”, relatou o estudante.
Segundo ele, a ansiedade por não saber se os dados móveis durariam por toda a aula prejudicava o entendimento do conteúdo. As matérias ensinadas pelo rádio então foram uma solução agregadora, sendo um acompanhamento da apostila física, que foi entregue aos alunos.