Considerando uma opção coringa no cardápio de milhões de brasileiros, o ovo de galinha vem registrando sucessivos aumentos de preço nas últimas semanas. Segundo as informações oficiais, estamos falando da maior alta do item em mais de uma década no país. A elevação foi de mais de 20% nos últimos 12 meses.
Para se ter uma ideia, esta elevação é nada menos do que sete vezes mais alta do que a atual inflação do Brasil, que está girando na casa dos 3%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O item não está acompanhando as quedas nos preços do frango, que já caiu 3,94% neste mesmo período.
Na avaliação dos pesquisadores do IBGE, a alta pode ser explicada por questões externas, como a queda na oferta, e também pelo aumento na custos da produção. “Além disso, o consumo de ovo cresceu no Brasil, por conta da alta de preços nas proteínas concorrentes”, afirma André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.
Os preços do ovo variam a depender da região. Em São Paulo, por exemplo, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que o consumidor paulistano pagou em média R$ 13,10 por uma dúzia de ovos brancos em junho.
Efeito cascata
Para o consumidor do ovo, a notícia é ruim porque além do aumento do preço deste produto específico, ainda há uma espécie de efeito cascata. Como dito, o item em questão é usado como um coringa e pode entrar na receita de uma série de pratos.
O aumento no preço do ovo pode significar, por exemplo, o aumento no preço do pão, do bolo ou da tortinha de padaria, por exemplo. Parte dos estabelecimentos que produzem estes pratos já estão repassando ao menos uma parte do aumento para o consumidor, e já sinalizam que podem elevar ainda mais.
Projeção de queda
Mesmo que a compra do ovo esteja cada vez mais difícil, analistas econômicos dizem que há uma tendência de estabilidade ou mesmo de queda nos preços deste produto. Isso ocorreria por causa do recuo nas cotações do milho, que são usados para alimentar as galinhas, que por sua vez produzem os ovos.
O recuo na cotação do milho já provoca uma redução em alguns itens. Confira:
- Peito (-10,50%);
- fígado (-10,09%);
- paleta (-9,22%);
- alcatra (-9,09%);
- frango em pedaços (-3,94%);
- frango inteiro (-0,98%).
“Mesmo com o aumento de 22,93%, o ovo é uma proteína mais barata se comparada às carnes, principalmente a bovina. Esse aumento ainda pega muito do início do ano”, afirma o economista Lucas Dezordi.
“A expectativa é de acomodação ou até queda dos preços. O milho está diminuindo, a soja está diminuindo, as carnes estão caindo. Tudo isso pode ajudar para que os preços dos ovos sofram uma queda”, completa.
Além do ovo
A discussão sobre o preço dos produtos da cesta básica entrou em evidência sobretudo nas últimas semanas, no processo de aprovação da Reforma Tributária. Inicialmente, o Governo Federal pretendia aplicar uma alíquota reduzida para estes produtos, mas a oposição argumentou que esta medida poderia aumentar muito os preços dos alimentos.
No final das contas, o texto que foi aprovado na Câmara dos Deputados prevê uma isenção completa nos produtos da chamada cesta básica nacional. Contudo, ainda não se sabe se o ovo estará nesta lista, já que esta é uma decisão que vai ser tomada depois, durante a discussão de uma lei complementar.
Queda na cesta básica
Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) mostram que o valor da cesta básica caiu em seis das oito cidades pesquisadas. Destaques para Belo Horizonte (-4,7%), Rio de Janeiro (-2,6%), Curitiba (-2,0%), Fortaleza (-0,7%), Brasília (-0,7%) e São Paulo (-0,1%).
Veja a lista completa:
- Rio de Janeiro: R$ 893,93
- São Paulo: R$ 852,30
- Brasília: R$ 731,70
- Fortaleza: R$ 723,49
- Salvador: R$ 715,17
- Curitiba: R$ 694,71
- Manaus: R$ 675,31
- Belo Horizonte: R$ 594,19