Na última quinta-feira (10) a Petrobras realizou um anúncio que preocupou os brasileiros. A estatal aumentou em 18,8% o preço da gasolina comum (que saltou de R$ 3,25 para R$ 3,86 o litro) e em 24,9% o diesel (de R$ 3,61 para R$ 4,51/litro). Os valores aumentados começaram a valer a partir da última sexta (11).
Os novos preços já começaram a impactar o bolso dos consumidores. Levando em consideração o valor médio da gasolina na cidade de São Paulo na semana passada, que era de R$ 6,35/litro, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o aumento pode deixar o combustível chegar em R$ 7,54/litro.
No Rio de Janeiro a gasolina estava calculada a um preço médio de R$ 7,10/litro nos postos da cidade na última semana. Com o reajuste da Petrobras, os cariocas podem começar a encontrar o produto custando R$ 8,43/litro em média nas bombas.
Esse aumento desenfreado da gasolina, impulsionado pela guerra da Ucrânia, afeta não só aqueles que possuem carros, como aqueles que utilizam os aplicativos de transporte, como Uber e 99App. Em um grupo público de motoristas no Facebook, é possível encontrar mais de uma postagem de trabalhadores dizendo que já estão recusando várias corridas.
Alta da Gasolina afeta usuários de aplicativos de transporte privado
O preço da gasolina é diretamente repassado ao preço da corrida nos apps de transporte privado, ou seja, quanto mais caro a gasolina, mais caro é o preço final da corrida para o passageiro. Porém, muitos motoristas seguem reclamando que o valor das corridas que os aplicativos estão oferecendo não é o suficiente.
A justificativa é que o trecho da viagem acaba não compensando o gasto do combustível. “Depois do aumento da gasolina, corrida só acima de R$ 15”, diz um dos motoristas que, segundo a captura de tela, recusou 250 corridas em um dia.
O movimento de aceitar e cancelar corridas está sendo praticado pelos motoristas no Brasil há alguns meses. Desde meados de agosto de 2020 circulam nas redes sociais relatos de pessoas que contam estar com dificuldades para encontrar um motorista nos apps.
Apesar dos problemas que os usuários de apps de carros enfrentarão, os mais afetados serão as pessoas que dependem dos veículos para tirar o sustento. O TecMundo conversou com Paulo Xavier, presidente da Frente de Apoio Nacional ao Motorista Autônomo (Fanma), que confirmou que os trabalhadores selecionarão ainda mais as corridas daqui para frente.
Ser motorista de aplicativo está valendo a pena?
Ainda segundo o presidente da Fanma, a situação dos motoristas de apps tem se complicado cada vez mais, já que são sucessivos os aumentos no valor dos combustíveis. De acordo com a ANP, a gasolina subiu cerca de 46% somente em 2021, por exemplo.
Xavier explicou que, no início das operações dos apps no Brasil, o valor que os motoristas gastavam com gasolina representava cerca de 20% do faturamento geral. Atualmente, metade do que eles conseguem com as corridas é destinado somente para o abastecimento do carro.
“O nosso custo principal é o combustível, porém temos outros custos como a manutenção do carro, como pneu e troca de óleo. Além disso, o custo de vida está bastante alto para todos os brasileiros de maneira geral. Arroz, feijão, carne, tudo subiu. Um carro popular há três anos era R$ 30 mil, hoje você não compra um carro por menos de R$ 70 mil”, salientou o representante.