De acordo com um levantamento feito pela CNN com base na última divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a alimentação infantil encareceu 57,12% dos primeiros cinco meses de 2022. É possível observar alta no preço de itens como leite, frutas, proteína animal e comida para bebês.
De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas no ano de 2022, o preço do patinho bovino cresceu 6,54%. Além disso, peixes como merluza e tilápia, tiveram uma alta de 4,54% e 2,9%, respectivamente.
A pesquisa também registrou alta em alguns produtos industrializados específicos para crianças, Desse modo, o leite longa vida acumula alta de 25,74% neste ano. Já o valor do leite em pó cresceu 5,09%.
O nutricionista Diego Motta ressalta a importância de uma alimentação de qualidade durante a fase de desenvolvimento das crianças. “As crianças estão em fase de crescimento, tanto físico como do sistema nervoso. O déficit de algumas vitaminas e proteínas pode causar sérios danos a elas, como dificuldade de aprendizagem. Outro ponto muito afetado é o sistema imunológico, já que a alimentação está diretamente ligada à imunidade.”, explicou o profissional à CNN.
Dicas para economizar na alimentação das crianças
O preço das frutas acumula alta de 8,32% em 2022. De acordo com o IBGE, os aumentos mais significativos foram da banana da terra (14,27%), manga (14,27%) e morango (13,24%). Apesar disso, por ser uma fonte de vitaminas indispensável no cardápio das crianças, Motta sugere que as famílias comprem as frutas da estação, que além de mais baratas, possuem menos agrotóxicos.
Em entrevista à CNN, o nutricionista também deu algumas sugestões para economizar na compra das proteínas. “Todos os alimentos estão caros, mas acho que o melhor custo-benefício no momento é o frango, e o patinho, que é uma carne magra. E a carne vermelha também é rica em complexo B, e tem mais ferro, que é importante para evitar anemia ou complicações neurológicas”, disse.
A insegurança alimentar no Brasil
De acordo um levantamento realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), o número de brasileiros em situação de fome quase dobrou em apenas dois anos. Desta forma, aproximadamente 33,1 milhões de cidadãos vivem sem ter o que comer. Vale ressaltar que a fome no país é mais presente entre as famílias que residem no Norte e Nordeste.
De acordo com a PENSSAN, nesse período houve uma regressão de aproximadamente 30 anos. “A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora no cenário econômico, o acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 tornaram o quadro desta segunda pesquisa ainda mais perverso”, disse.
A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) classifica o problema em três níveis, sendo eles: Insegurança alimentar leve, moderada e grave. Nesse sentido, é entendido como insegurança alimentar grave quando a redução da alimentação atinge também as crianças do núcleo familiar.