O paracetamol, um medicamento comumente encontrado em quase todos os lares, tem causado preocupação em especialistas de saúde devido à sua relação com casos de falência hepática.
Disponível sem a necessidade de receita médica em farmácias, o paracetamol é um dos medicamentos mais consumidos globalmente. Consequentemente, as estimativas apontam vendas anuais de aproximadamente 49 mil toneladas nos Estados Unidos, o equivalente a 298 comprimidos por pessoa por ano. No Reino Unido, a média é de 70 unidades deste fármaco por pessoa no mesmo período.
Os mistérios do paracetamol
Embora seja um medicamento conhecido há mais de um século, o paracetamol ainda é cercado de mistérios. Os cientistas ainda não desvendaram completamente seu mecanismo de ação.
As evidências sobre a eficácia deste medicamento também variam. Em alguns casos, como a dor na lombar, os efeitos do comprimido ou das gotas de paracetamol não são superiores ao placebo, uma substância que não tem efeito terapêutico algum.
O risco de overdose
Apesar das dúvidas sobre sua eficácia, uma coisa é clara para os especialistas: o risco de overdose. Este medicamento tornou-se a principal causa de falência do fígado em países como os EUA e o Reino Unido, gerando alertas de várias entidades de saúde nos últimos anos.
A alta disponibilidade dos comprimidos e a falta de orientações sobre os limites de consumo têm contribuído para este cenário preocupante.
O paracetamol no mercado
Sintetizado no final do século 19, o paracetamol só começou a ser vendido em farmácias dos Estados Unidos e Austrália a partir dos anos 1950, sob o nome comercial Tylenol. No Brasil, está disponível desde os anos 1970.
Hoje, o paracetamol está entre os medicamentos isentos de prescrição mais vendidos em vários países, incluindo o Brasil.
Eficácia do paracetamol
A eficácia do paracetamol para diversos incômodos varia. Para dores na região lombar e desconfortos físicos relacionados ao tratamento do câncer, o medicamento não é superior ao placebo. Em casos de artrite no joelho ou no quadril, o efeito positivo se considerou pequeno.
Contudo, o medicamento mostrou algum benefício, mesmo que mínimo, no alívio da enxaqueca aguda e das dores pós-parto e pós-cirúrgicas.
Riscos e eventos adversos
O problema do paracetamol está na dosagem. Nesse sentido, as agências de saúde estipulam um limite de 4 gramas (ou 4 mil miligramas) por dia para os adultos. Em crianças de 2 a 11 anos, a dose de paracetamol depende do peso corporal. Já abaixo dos 2 anos, é sempre necessário consultar o médico antes de administrar o remédio.
A overdose de paracetamol pode levar à falência hepática aguda, que muitas vezes requer internação e transplante, além de estar relacionada ao risco aumentado de morte.
Devido aos riscos, foram necessárias mudanças nas regulamentações sobre o paracetamol. Desde 2011, a FDA (Food and Drug Administration) limitou a dosagem do remédio a 325 mg por comprimido.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já publicou diversos alertas sobre o consumo indiscriminado do paracetamol e seus efeitos na saúde.
Efeitos do remédio na sociedade
O paracetamol também tem sido objeto de estudos que exploram seus efeitos na sociedade. Uma pesquisa realizada em 2019 indicou que o medicamento pode reduzir a capacidade de empatia dos indivíduos.
Em suma, é crucial a conscientização sobre o uso correto do paracetamol e sobre os riscos associados à sua overdose, para evitar casos graves de falência hepática. Além disso, é sempre importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento medicamentoso.