Azeite de oliva é um ingrediente amplamente utilizado na culinária brasileira, conhecido por seus benefícios à saúde e sabor característico. No entanto, recentemente, tem havido preocupações em relação à qualidade do azeite de oliva importado, com relatos de fraudes que comprometem a autenticidade e a classificação do produto.
De acordo com um levantamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), 84% dos azeites de oliva importados como extravirgem são fraudados. No entanto, é importante esclarecer que não se trata de uma fraude no produto em si, mas sim de irregularidades na classificação do tipo – extravirgem, virgem ou lampante – que está relacionada à qualidade oferecida ao consumidor.
O Que Constitui uma Fraude no Azeite de Oliva?
A fraude no azeite de oliva é caracterizada quando análises realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) detectam a substituição do azeite de oliva por óleo vegetal, como óleo de soja, girassol ou canola, além da adição de corantes e aromas não permitidos. Essa prática é danosa aos consumidores, pois representa um potencial risco à saúde.
No entanto, é importante distinguir a fraude da irregularidade de classificação do tipo de azeite. A fraude está relacionada à substituição do produto, enquanto a irregularidade de classificação está ligada à qualidade do que é ofertado. Nesses casos, o azeite é legítimo, originário da oliveira, mas possui diferenças de qualidade que devem ser identificadas por meio de análises sensoriais.
Análises Sensoriais: Identificando as Diferenças de Qualidade
Para identificar as diferenças de qualidade nos azeites de oliva ofertados ao consumo, o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA-RS) realiza análises sensoriais do produto. Essas análises visam provar e identificar aromas e sabores presentes no azeite. Essa ação é complementar às análises laboratoriais físico-químicas, que confirmam a identidade e a qualidade do produto.
O painel de análises sensoriais é formado por um grupo de painelistas altamente treinados, capazes de identificar pequenas variações de qualidade em azeite de oliva. Após validado pelo chefe de painel, é emitido um certificado que indica se aquele azeite é virgem, extravirgem ou lampante. A análise sensorial é o único método para determinar o tipo de azeite e está prevista na Instrução Normativa nº 01/2012.
Resultados Alarmantes: Irregularidades na Classificação do Azeite de Oliva Importado
Neste ano, o grupo de painelistas do LFDA-RS recebeu amostras de azeite de oliva importado, especialmente aquelas coletadas nas fronteiras pela Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), para análise de classificação. Até o momento, foram analisadas 46 amostras, a maioria correspondendo a cargas importadas a granel. Dessa amostragem, 82,6% apresentaram irregularidades, indicando que estavam sendo importadas e comercializadas como azeite de oliva extravirgem, apesar de não atenderem aos padrões sensoriais dessa classificação.
É importante ressaltar que o universo de amostras analisadas pelo LFDA-RS não representa necessariamente todo o mercado brasileiro de azeite de oliva, mas sim uma área de investigação pre-determinada pelas autoridades fiscais, incluindo esforços de combate à pirataria e falsificação.
Ações de Fiscalização e Controle de Qualidade
O Ministério da Agricultura e Pecuária reforça que as constantes ações de fiscalização têm contribuído para reduzir as irregularidades inicialmente identificadas. Além disso, o LFDA-RS está trabalhando para ampliar seu painel sensorial, além de estimular que instituições criem novos painéis sensoriais, visando aprimorar a capacidade de fiscalização e possibilitar análises de controle de qualidade para o setor produtivo.
É fundamental que os consumidores estejam conscientes da importância de adquirir azeites de oliva de qualidade, verificando a procedência, rótulos e certificações do produto. Além disso, é essencial que sejam incentivadas políticas de controle e fiscalização mais rigorosas, a fim de garantir a qualidade e autenticidade do azeite de oliva importado.
Em suma, é necessário que haja um esforço conjunto entre autoridades, produtores e consumidores para combater a fraude no azeite de oliva importado e garantir que o consumidor brasileiro tenha acesso a produtos de qualidade e autenticidade comprovadas.