A agressividade na adolescência é mais comum do que possamos imaginar. Atualmente, milhares de famílias se deparam com comportamentos “fora do comum”, acreditando que “não souberam criar” seus filhos ou que algo externo aconteceu.
No entanto, é preciso compreender de fato o que acontece na adolescência, e assim, usar esses conhecimentos como munição para contornar a situação da melhor forma.
Agressividade na adolescência: Mudanças bruscas na vida do sujeito
Talvez você não se recorde da sua adolescência, ou então, nem tenha se dado conta das suas atitudes naquela época.
Porém, a verdade é que essa fase da vida não é nada fácil de ser atravessada. O sujeito, que está em transição para a vida adulta, se depara com a ideia de que não é mais criança (perdendo determinados privilégios por conta disso), e também não é adulto ainda (reconhecendo limites que não gostaria de ter).
Esse “meio do caminho” está carregado de sentimentos confusos, dificuldades de socialização e mudanças hormonais. Quando tudo isso entra em cena, é possível que o adolescente sinta-se irritado, ansioso, estressado e, a partir disso, demonstre a agressividade.
A necessidade de pertencer a algum lugar
Como um meio de diminuir suas dores e angústias, o adolescente fará de tudo para fazer parte de algum lugar, que esteja fora do campo da família. Afinal, ele quer se identificar com algo para se sentir parte, e é aqui que o seu estilo floresce, seus gostos musicais “diferentes” surgem e a sua forma de se comunicar começa a ficar evidente.
Em contrapartida, esse ato de “pertencer” a um grupo distinto, normalmente, não está de encontro com o estilo de vida dos pais. Com isso, o jovem se sente “desconectado” de sua família, como se não fizesse mais parte dela.
Em decorrência disso, tentará impor essa sua “nova identidade” com a ajuda da agressividade e da negação. Isto é, estará desenvolvendo um caminho contra o que os pais pregam e requerem, apenas para demonstrar que é “alguém” e que não precisam da aprovação dos pais para tudo. Aqui, novamente a agressividade na adolescência pode aparecer.
Mas como lidar com tudo isso?
Compreender o universo adolescente e dialogar
Procurar compreender quais são todos os pontos que passam por transformações na adolescência é o primeiro passo para lidar com a agressividade nessa idade. Saber o que acontece com os hormônios, reconhecer as mudanças de humor causadas por isso e entender que o corpo em transformação acarreta em descargas de estresse, pode ajudar você a se comunicar com o seu filho.
Lembre-se também de que o diálogo é importantíssimo nessa faixa etária. Não tente confrontar os episódios agressivos, sendo mais agressivo ainda. Mas sim, demonstre estar aberto para ouvir as frustrações, medos e anseios do seu filho.
Da mesma forma, jamais force-o a falar algo. A agressividade na adolescência diz respeito a esse universo de querer “ser alguém” independente. Por isso, forçar o adolescente a falar sobre um assunto poderá deixá-lo ainda mais revoltado.
É claro que você não deve simplesmente aceita a agressividade “gratuita”, mas é preciso compreender que apenas castigar, gritar e xingar não vai ajudar em nada. É preciso manter a calma, demonstrar equilíbrio e buscar entender a raiz da agressividade, antes de tentar “podar” apenas o que é visto por cima.
Quanto mais você demonstrar interesse pelas circunstâncias que levam o adolescente a se chatear, mais confiança ele terá em você. E, pouco a pouco, aprenderá a lidar melhor com os próprios sentimentos dele, não mais descarregando tudo na família.
Lembre-se: a paciência é uma virtude, que pode ser estimulada em toda a família. E por fim, em casos de agressividade extrema, considere a psicoterapia como uma aliada no processo de autoconhecimento do seu filho.
Boa sorte!