Quando os portugueses chegaram ao território brasileiro nos anos 1500, os povos autóctones falavam mais de mil línguas indígenas. Desse modo, a implementação do português como língua oficial e falada em todo o Brasil só foi possível por meio de uma série de glotocídios, decorrentes do genocídio dos povos indígenas.
No entanto, nos primeiros anos, os portugueses precisaram aprender a se comunicar por meio das línguas indígenas mais faladas no território. Esse era o caso da língua tupinambá na região onde atualmente fica o estado de São Paulo. O tupi, por sua vez, era a língua da costa. Nesse sentido, há registros que indicam que os jesuítas aprendiam essas língua para usar na catequização dos povos indígenas, bem como as ensinava em suas escolas para os filhos dos colonos.
Assim, temos fatos que evidenciam que o tupi foi a língua mais falada no Brasil até o século XVIII. Apenas dois séculos depois da chegada dos portugueses, em 1758, houve a proibição dessas línguas no Brasil Colônia por meio do diretório de Marquês de Pombal. Apesar da proibição, que gerou ainda mais glotocídios, esses dois séculos de contato intenso da língua portuguesa dos colonizadores com as línguas indígenas dos povos autóctones foram suficientes para que o português se modificasse.
Influências lexicais das línguas indígenas
A principal influência das línguas indígenas se deu no léxico. Muitos elementos da flora e da fauna, bem como os topônimos (nomes de lugares) são nomeados no português do Brasil por meio de palavras do tupi. Veja abaixo alguns exemplos:
- Fauna e flora: arara, ariranha, baiacu, capivara, curió, gambá, piranha, mandioca, jequitibá, ipê, jiboia, jacaré, açaí, aipim etc;
- Nomes próprios: Jupira; Ubirajara, Anaí, Iracema, Tainá, Kauã, Iara, Aruana etc;
- Nome de lugar: Niterói, Paraíba, Paquetá, Tietê, Sucupira, Guanabara, Amapá, Copacabana, Curitiba, Ipanema, Morumbi, Pará etc.
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