Um levantamento feito pela agência Ipsos mostrou nesta semana que a maioria dos trabalhadores brasileiros acredita que vai receber um aumento no salário no próximo ano. Para 57% dos indivíduos, esta elevação acontecerá apenas pela inflação ou mesmo pelo PIB, o que seria uma espécie de aumento real.
Ainda de acordo com o levantamento, para 31%, o aumento ficará abaixo da inflação, o que seria proibido pela Constituição. Esta parcela minoritária estaria mais pessimista com os rumos da economia a partir do próximo ano.
“Além disso, uma mudança de administração federal também quase sempre traz otimismo – é histórico. Assim, nesse momento, o brasileiro está imaginando que o futuro será melhor, e nada mais natural de que se imagine que seus ganhos serão um reflexo desse contexto”, explica Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil.
A maioria dos brasileiros também acredita que os índices da inflação deverão cair a partir do próximo ano. A Ipsos aponta que apenas 16% dos trabalhadores do Brasil acreditam que este indicativo subirá. Entre todos os países do mundo pesquisados, a média geral é de 35%. O Brasil só não é mais otimista do que a China. No país asiático, apenas 8% acreditam que a inflação vai piorar.
Na outra ponta desta história está a Argentina. No país vizinho, cerca de 56% dos trabalhadores afirmam que acreditam que a inflação deverá piorar a partir do próximo ano. O país vizinho vive uma de suas piores crises econômicas. Hungria e França também registraram índices de pessimismo maiores do que 50%.
Melhora atual
Além da questão da troca de governo, outro ponto ajuda a entender o otimismo brasileiro com o futuro da economia: a melhora nos índices econômicos já neste segundo semestre. Já existe uma gradual diminuição da inflação.
“As expectativas com relação aos aumentos de preços [no Brasil] foram reduzidas, o que é refletido nessa pesquisa. No resto do mundo, aconteceu o contrário: o aumento de preços vem se acelerando (por exemplo, com a chegada do inverno no hemisfério norte), o que piora as expectativas futuras”, explica o CEO.
Os números de desemprego também estão caindo paulatinamente no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já apontam que o país voltou ao nível pré-pandemia neste quesito.
Salário mínimo
A Constituição Brasileira exige que o salário mínimo seja aumentado todos os anos para os trabalhadores. O governo em vigência pode aumentar este valor apenas de acordo com a inflação, ou ele pode conceder uma elevação real.
Nos últimos quatro anos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por conceder o aumento apenas de acordo com a inflação. Assim, a elevação acontecia apenas para manter o poder de compra dos cidadãos que vivem apenas com este ganho mensal.
Durante a sua campanha nas eleições deste ano, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu bancar um aumento real do salário mínimo. De todo modo, ele ainda precisa garantir este movimento junto ao Congresso Nacional.