De acordo com uma nova pesquisa do PayPal, serviço de pagamentos eletrônicos, o consumidor brasileiro é entusiasta de um futuro livre do uso de dinheiro físico para pagamentos. Para quase todos os entrevistados (93%), disseram estar “extremamente” ou “de certa forma propensos” a usar uma moeda digital de um Banco Central (Central Bank Digital Currency – CBDC). O Banco Central do Brasil já estuda implementar uma moeda digital oficial.
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Intitulada “Terceira Onda de Inovação Fintech”, a pesquisa do PayPal ouviu 4 mil pessoas dos Estados Unidos, China, Brasil e Alemanha. Ao todo, 79% dos respondentes brasileiros disseram gostar da ideia de não ter de usar dinheiro, índice acima dos demais mercados pesquisados e bem acima da média entre os quatro países, que foi de um terço.
Segundo o estudo, os consumidores mais jovens – especialmente os Millennials (pessoas nascidas entre 1981 e 1996) – foram os mais propensos a querer usar a CBDC. Uma maioria substancial de quem prioriza obter dinheiro atualmente também indicou certa ou extrema probabilidade de usar a CBDC. De acordo com o PayPal, este último ponto apoiaria o potencial para um futuro sem dinheiro e ressalta a importância de trazer atributos semelhantes ao dinheiro físico para o dinheiro digital emitido pelo governo.
Apesar das altas pontuações para uso futuro de uma moeda digital, os entrevistados expressaram níveis mistos de entusiasmo por soluções de identidade digital em substituição às carteiras de identidade físicas, algo que se tornaria pré-requisito para o uso geral de CBDC. No Brasil, 57% dos entrevistados mostraram preferência em utilizar carteiras de motorista digitais. O percentual fica atrás apenas da China, que é de 70%.
Dinheiro ainda é o método mais utilizado no mundo
Com a aceleração da digitalização, incluindo compras online e pagamentos sem contato (contactless), muitos esperavam que a pandemia de covid-19 acabasse com o domínio do dinheiro. No entanto, o dinheiro continua a ser importante e resiliente: os entrevistados pela pesquisa relataram que usam dinheiro físico ou moedas para pagar por itens do dia a dia em quase 50% das situações. No Brasil, o índice fica na casa de 38%.
Os resultados agregados da pesquisa indicam que a pandemia diminuirá o uso de dinheiro, mas talvez não tão drasticamente como alguns especialistas previram. Embora uma preponderância de entrevistados nos quatro mercados esteja usando menos dinheiro agora devido à covid-19 e queira usar menos dinheiro daqui para frente, houve uma sólida minoria que indicou querer usar mais dinheiro em 2021 (26% dos respondentes brasileiros).
O PayPal diz que parte desse desejo poderia ser interpretado como entusiasmo por voltar a uma certa normalidade no pós-pandemia.
Para transações presenciais, o dinheiro continua sendo a forma de pagamento preferida em geral, embora os consumidores mais jovens relatem um uso relativamente maior de pagamentos eletrônicos. Em conjunto, essas descobertas indicam que, mesmo enquanto a sociedade caminha para o fim do dinheiro, há razões para acreditar que ele continuará popular entre os consumidores, pelo menos no curto a médio prazo.
Os principais motivos para usar dinheiro incluem o fato de ele não sofrer cobrança de taxas, a facilidade de uso em qualquer lugar, a capacidade de controlar melhor os gastos e o anonimato. Essas características do dinheiro são importantes para os usuários e devem fornecer um contexto importante para que possamos considerar as formas futuras de moeda.
Pix não substituirá criptoativos
Segundo Paulo Aragão, especialista em criptomoedas e cofundador do CriptoFácil, o Pix foi apresentado como uma “resposta às criptomoedas” de uma forma geral à época de seu lançamento pelo Banco Central. No entanto, ele diz que o Pix é, na verdade, um grande aliado dos criptoativos tanto no curto quanto no longo prazo.
“No curto prazo porque possibilitou uma integração 24×7 entre o sistema financeiro tradicional e o mercado cripto. E no longo prazo porque as pessoas estão começando a se acostumar com pagamento com QR Code direto do celular. Ou seja, os brasileiros já estão se familiarizando com o funcionamento do ambiente dos criptoativos”, disse o especialista.
Além disso, Aragão ressaltou que a população brasileira já vem se acostumando com o dinheiro digital há anos. Afinal, cada vez mais os brasileiros preferem pagar via transferência bancária ou via cartão do que com o dinheiro em espécie.
“Então, como a população já está acostumada com um dinheiro digital há algum tempo, é natural que esteja totalmente aberta à ideia de um Real Digital”, afirma o especialista. Para ele, não mudaria muita coisa no dia a dia de quem já realiza transações digitais.