80% das empresas brasileiras acham que 5G é apenas mais uma tecnologia de conexão
Pesquisa da IDC sobre o mercado corporativo revela que empresas não entendem potencial disruptivo do 5G
De acordo com dados preliminares de estudo da consultoria IDC, as empresas brasileiras não estão esperando muita inovação com o 5G. Mais de 80% delas vislumbram somente oportunidades de conectividade, que é uma pequena parte do poder transformacional do 5G. O índice traz uma preocupação de que essa falta de entendimento sobre o real potencial do 5G possa gerar uma limitação às companhias no que se refere à evolução digital no Brasil.
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A consultoria lembra que as alternativas de solução de conectividade sem fio de quinta geração podem servir para mais do que apenas dar mais velocidade de Internet. Além de suportar os desafios modernos de aumento da densidade de tráfego de dados dos dispositivos, ela pode reduzir as despesas operacionais com a automação e melhorar a confiabilidade das informações.
Há, ainda, o ganho primordial na redução da latência, que é o que realmente vai fazer a diferença para o consumidor final. Isso porque menor latência significa menor tempo de espera para resposta em sites e serviços de streaming, por exemplo. A IDC percebe, porémm que ainda estamos distantes dessa maturidade.
No entanto, questionados sobre os principais benefícios que os dispositivos trarão para seus negócios, 88% dos entrevistados no Brasil concordam que o 5G será importante para conectar dispositivos e 80% afirmam que será usado para conectar os escritórios, demonstrando a importância da mobilidade para a força de trabalho.
Empresário ainda não conhece o potencial da tecnologia
A falta de familiaridade com terminologias relacionadas à tecnologia também foi um apontamento relevante da pesquisa. Quando perguntados sobre o nível de compreensão de termos relacionados à inovação, os entrevistados brasileiros demonstraram pouco conhecimento sobre Network Slicing, Software Defined Networks (SDN), Multi-access Edge Computing (MEC) e Milimeter Wave (mmWave). Esses termos tratam sobre tecnologias de comunicação, utilizadas para otimizar a infraestrutura de rede de empresas.
Outras tecnologias de telecom são mais reconhecidas: 63% das empresas afirmaram que os novos serviços de 5G serão grandes impulsionadores para a implementação de Software-Defined Wide Area Network (SD-WAN) em suas empresas e 43% acreditam que a adoção do SD-WAN irá substituir acesso de dados Multiprotocol Label Switching (MPLS).
Por outro lado, termos ligados à conectividade, já presentes com o 3G e o 4G, tais como latência, realidade virtual e aumentada e Dynamic Spectrum Sharing (DSS), foram considerados muito familiares a mais da metade dos entrevistados.
Um outro tema abordado pela pesquisa foi o futuro do trabalho e, novamente, a conectividade se destacou. Em seguida, 61% afirmaram que a tecnologia será importante para descentralizar data storage e aplicativos e 59% para fazer streaming de vídeos em HD. Com percentuais bem menos expressivos, aparecem controle de robôs e equipamentos autônomos (29%), assinatura digital (25%), gerenciamento e monitoramento remoto de pacientes (12%) e conectar veículos (4%).
Como monetizar o 5G
A pesquisa revelou ainda que entre os três benefícios fundamentais do 5G (baixa latência ultra confiável, alta velocidade e cobertura), apenas latência figura no topo dos termos tecnológicos mais familiares para as empresas brasileiras.
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A IDC explica que, para monetizar o 5G, é preciso entender o ecossistema que se forma, direcionando a estratégia de use cases em três pilares:
- melhora na produtividade com a automação industrial, tendo as verticais de minerações e agronegócio como exemplos;
- uso em ambientes de missão crítica, em que a velocidade e acuidade dos dados são fator chave, sendo o caso de serviços bancários, serviços de saúde e de energia
- negócios em que a ampliação e redundância da conectividade implica diretamente na manutenção da receita, como empresas de varejo e e-commerce.
A IDC destaca uma urgência para as operadoras preparem seus clientes para comprarem o serviço de uma forma diferente de como é feita hoje. O roadmap do governo segue o modelo populacional e não leva em conta os interesses de verticais de negócios. Junta-se a isso uma visão de que a operadora ainda é muito associada ao desenvolvimento e implantação dos casos de uso.
Por isso, se não estiver claro para as organizações tudo aquilo que o 5G é capaz de oferecer, a consultoria afirma que há o risco de ter ofertas e aquisições de serviços puramente voltados à conexão, justamente aqueles que não trazem o maior valor agregado, trazendo prejuízo financeiro às operadoras.