De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados hoje (8), durante o mês de julho, o número de famílias endividadas ou inadimplentes voltou a crescer. Devido a esta alta observada, os indicadores atingiram o maior patamar já visto desde 2010, quando a pesquisa da confederação começou a ser realizada.
Segundo o estudo, quase 80% das famílias brasileiras estão endividadas, e cerca de 29% tem contas com atraso. Estes valores representam altas de 0,7% e 0,5%, respectivamente, ao comparado com o mês de junho.
A pesquisa informa também que, a renda das famílias comprometida com dívidas permaneceu em 30,4%, o mesmo visto em abril. Contudo, 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos devido a dívidas.
“A alta dos indicadores de inadimplência, após queda nos meses de abril, maio e junho, indica que as medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito momentâneo no pagamento de contas ou dívidas já atrasadas, concentrado no segundo trimestre deste ano”, apontou em nota o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Famílias sem condições de arcar com as dívidas
Além disso, a pesquisa da CNC também demonstrou um leve crescimento, de 10,6% para 10,7%, na parcela das famílias que informaram que não terão como arcar com as contas em atraso. Essa parcela da população é considerada como inadimplente.
De acordo com o Serasa, quase 70 milhões de pessoas no Brasil estão em situação de inadimplência. Tal valor elevado pode ser resultado de vários fatores, dentre eles os principais são a pandemia, crise econômica, aumento do desemprego, inflação em alta, entre outros. Fato é que milhões de pessoas estão com o nome em uma lista de órgãos como SPC e Serasa.
Na pesquisa da CNC, o grupo de pessoas que informou estar incapaz de pagar as dívidas em atraso é composto principalmente entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).
Número de famílias endividadas cresce
A pesquisa demonstrou, também, que tanto as famílias que possuem renda acima de dez salários mínimos, tanto as que recebem abaixo deste patamar, viram o endividamento crescer durante o mês de julho. As famílias que recebem acima, o número de contratação de dívidas cresceu 0,8%, enquanto o segundo a alta foi de 0,6%.
Em nota, Izis Ferreira, economista da CNC, responsável pela pesquisa, informa que, “as classes de despesas das famílias que ganham menos são justamente as que tiveram maiores aumentos recentes de preços, então elas acabam gastando uma parcela maior do orçamento para fazer frente ao aumento da inflação”.
Por fim, a pesquisadora conclui dizendo que as famílias com menor renda foram as mais afetadas, se tornaram cada vez mais endividadas, a despeito dos juros altos, para sustentar seu nível de consumo.