Anedota é um gênero textual que apresenta narrativa composta por diálogos diretos e situações do cotidiano que surpreendem o interlocutor. Ela relata uma história curiosa ou engraçada que, geralmente, tem o intuito de provocar o riso.
Produzida em sua maioria na linguagem oral, a anedota também está presente na linguagem escrita. Entendê-la pode envolver fatores como entonação, capacidade oratória do intérprete e até representação.
Como qualquer texto narrativo, é construída com base em enredo, narrador, personagem e passagem de tempo. Esse gênero textual é comum em ambientes informais e descontraídos, e explora diferentes áreas da atividade humana. Trasporta, através do riso, uma reflexão sobre as diferentes formas de comportamento e expressões da vida.
A etimologia do termo anedota vem do francês anecdote, que deriva do grego anékdota, que significa “algo ou coisa impublicável”. Um dos poucos gêneros textuais capazes de despertar o riso, é usada como um recurso humorístico do cotidiano. A maioria de suas narrativas passam por modificações devido ao tempo e transmissão boca a boca, que acabam exagerado os casos.
Tipos de anedota
Histórias curtas de sequência narrativa, geralmente as anedotas não têm autor conhecido, pois trata-se de textos de domínio coletivo. A finalidade dessas narrativas é suscitar o riso e divertir o interlocutor. A depender do teor das anedotas, elas podem ser contadas em diferentes locais.
Embora sejam rápidas, com poucas personagens e em espaço e tempo reduzidos, as anedotas não perdem a essência do texto narrativo. Elas são destinadas a diferentes públicos e temáticas. Podem ser narrativas infantis com teor leve, adequadas para crianças, ou com teor sarcástico e de duplo sentido.
Utilizando personagens caricaturados, em determinados contextos uma anedota utiliza temas preconceituosos e ofensivos. Algumas delas aplicam uma linguagem com o uso de palavras de baixo calão, por exemplo.
As anedotas são consideradas sinônimos de piada, historieta, episódio e caso. Os temas mais comuns das narrativas breves são histórias nas quais os personagens são apresentados como seres desprovidos de inteligência. Na maioria da vezes são ridicularizados, principalmente em situações com português, loiras e sogras.
Características da anedota
As anedotas são tipos de textos capazes de provocar uma reflexão rápida sobre as diversas formas de comportamento. Os principais temas abordados têm relação com conteúdo reprimidos, como sexo, preconceito, classe social, política, etc. As principais características das anedotas são:
- Textos com enredo simples e narrativa curta;
- Utilização de histórias populares;
- Trabalha com fatos divertidos que podem ou não ser reais, cuja a finalidade é levar à descontração;
- Utiliza o recurso da linguagem coloquial e simples;
- Com tom humorístico apresenta mensagens com duplo sentido;
- Exploração do sarcasmo e da ironia.
Diferença entre anedota e piada
As anedotas se diferenciam das piadas em alguns pontos. Embora possua humor e tenha intuito de divertir e despertar o riso, as anedotas possuem outras motivações. Para além da comicidade, elas expressam características particulares de personagens ou espaços, lançando mão do sarcasmo e da ironia.
Em termo literal, a anedota possui praticamente o mesmo significado e sentido da piada. No Brasil, está cada vez mais em desuso, sendo lembrado apenas em narrativas com conteúdo humorístico e, por isso, é comum a confusão entre os dois gêneros.
Já em Portugal usa-se a anedota, principalmente, para designar uma narrativa irônica cuja conclusão provoca o riso. A piada é reservada para um dito espirituoso, uma referência indireta e satírica dirigida a alguém.
Para entender a diferença entre as duas narrativas é preciso se atentar para um detalhe básico. A grosso modo, a anedota sempre apresenta duplo sentido. Enquanto a piada costuma ser direta e com finalidade cômica. É um breve relato cujo o final tem por objetivo provocar risos ou gargalhadas em quem ouve.
Exemplos:
Joãozinho vai fazer uma pescaria com pai.
—Pai, como é que os peixes respiram debaixo da água?
— Não sei meu filho!
Pouco depois:
— Pai, por que os barcos não afundam?
— Não sei, meu filho!
Pouco depois:
— Pai, por que o céu é azul?
— Isso eu também não sei meu filho.
— Pai, você não se incomoda de eu ficar fazendo essas perguntas, não é?
— Claro que não, meu filho! Se você não perguntar, nunca vai aprender nada!
Donaldo Buchweitz
Juquinha pegou um ônibus e, ao entrar, pergunta para o cobrador:
— Moço, quanto custa o ônibus?
O cobrador responde, educadamente:
— São dois e trinta, garoto!
Então, o Joãozinho fala alto:
— Ei, pessoal! Todo mundo vai descendo, porque eu vou comprar!
Autor desconhecido
Interpretação de anedota
Uma garota foi ao médico para perder uns quilinhos. Após um exame minucioso, ele disse:
— Você pode comer de tudo por dois dias; depois, pule um dia e volte a comer normalmente por mais dois; pule outro dia e assim por diante, durante o mês inteiro. Se seguir à risca, você vai perder pelo menos cinco quilos.
No início do mês seguinte, ela retornou ao médico, 15 quilos mais magra.
— Incrível! Vejo que você seguiu minhas instruções rigorosamente. Parabéns!
— Obrigada, doutor. Mas fique sabendo que eu quase morri!
— De fome?
— Não! De tanto pular!
José F. Lima
O diálogo entre a garota e o médico mostra que ele passou algumas recomendações, mas não explicou de forma clara o que ela deveria fazer. De acordo com a própria interpretação, a garota usou um método pra perder peso que não foi o indicado.
O médico faz um comentário demonstrando certa satisfação ao acreditar que suas sugestões foram seguidas, mas é surpreendido pela resposta da garota. O humor nessa anedota pode ser percebido tanto no mal-entendido que a garota faz da fala do médico, quanto na surpresa dele ao descobrir que ela não o seguiu.