Já confirmou o churrasco do final de semana? Os preços das carnes vendidas ao consumidor brasileiro estão caindo desde o início do ano. Ao menos é o que mostram os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA-Amplo). Em julho, o recuo nos preços cobrados foi de 2,10%.
Quando se considera todos os cortes bovinos que fazem parte do índice de inflação oficial, é possível perceber uma queda de 5,89% neste ano. Todos os cortes registraram queda se considerarmos os valores que estavam sendo cobrados até o final do ano passado. Veja na lista abaixo:
- carnes em geral: -5,89;
- fígado: -6,51;
- cupim: -2,05;
- contrafilé: -7,92;
- filé-mignon: -8,02;
- coxão mole: -5,16;
- alcatra: -8,09;
- patinho: -5,10;
- lagarto redondo: -4,76;
- lagarto comum: -5,37;
- músculo: -4,28;
- pá: -7,37;
- acém: -6,16;
- peito: -5,63;
- capa de filé: -5,43;
- costela: -5,33;
- picanha: -6,52.
Por que carne está mais barata?
Mas afinal de contas, porque os cortes das carnes estão mais baratos nos últimos meses? De acordo com analistas, a redução tem ligação direta com a diminuição dos custos para os produtores, o que acaba refletindo no bolso do consumidor.
“De 2020 até metade do ano passado, esse custo estava jogando contra, estava encarecendo muito por conta da entrada de várias cadeias globais, com o preço de várias commodities agrícolas em alta. Isso levava a um efeito dominó nos preços dos produtos ao consumidor na gôndola”, disse o economista Matheus Peçanha, do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Agora, Peçanha acredita que está ocorrendo um efeito inverso, com os custos para os produtores sendo reduzidos. Assim, os cortes das carnes podem ser reduzidos para o consumidor final.
“A perspectiva para o ano é continuar nessa pegada. Deve haver a redução no ritmo de queda. E isso pode se refletir no preço ao consumidor. Mas deve continuar assim, reduzindo ritmo de queda até uma estabilidade no ano”, acrescenta o economista.
O El Niño
Mas este não é o único ponto que deve ser considerado pelo consumidor. Há também de se entender os efeitos do El Niño. Trata-se de um fenômeno climático que impacta diretamente as relações de produção no Brasil. No caso das carnes, o fenômeno acaba tendo um efeito positivo.
“Ou seja, a gente deve ter uma estabilidade do preço da carne até o fim do ano, e, se o El Niño trouxer uma produtividade maior, pode haver uma segunda rodada de queda. Mas isso vai depender da magnitude, se vai reverter em ganho de produtividade como normalmente reverte. Então tem muitos ‘ses’, mas é um evento que está no calendário para ver o que acontece”, avalia Peçanha.
Oferta de carne
Especialistas também indicam que outro fator que contribui para a queda nos preços das cartes é a maior oferta de animais no mercado doméstico. Este aumento já está sendo percebido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Com mais produção, a expectativa é de que os consumidores brasileiros passem a consumir mais carne. Caso se confirme, será o primeiro aumento do consumo depois de cinco anos seguidos de queda. A Conab estima que a disponibilidade per capita vai sair de 26 para 29 quilos por consumidor por ano, uma alta de 11,6%.
Promessa de campanha
Vale frisar que a redução no preço da carne bovina foi uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado.
“Vamos voltar a reunir as famílias no domingo e fazer um churrasquinho. E vamos comer uma fatia de picanha com uma gordurinha passada na farinha e tomar uma cerveja gelada. O povo entra em delírio porque é isso o que o povo quer”, afirmou Lula na campanha.
“A economia está melhorando, a gasolina, o diesel e até a picanha já estão mais baratos. É o governo federal trabalhando por um Brasil mais feliz”, disse o presidente através das suas redes sociais.