Veja o que disse a Caixa sobre a redução do juros do consignado

Veja o que disse a Caixa sobre a redução do juros do consignado

Presidente da Caixa se pronunciou após presidente Lula criticar juros do consignado que são ofertados aos trabalhadores

A crítica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez ao teto de juros do consignado na manhã desta terça-feira (27) começa a repercutir no mundo das instituições financeiras. Quem primeiro se manifestou foi a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. Ela foi perguntada sobre a sua postura diante do assunto.

De acordo com a presidente do maior banco público do país, uma redução da taxa de juros para o consignado ainda não está no horizonte da instituição. Para Serrano, este assunto só vai poder ser tratado quando o Banco Central decidir reduzir a Selic, que hoje está na casa dos 13,75% ao mês, e que segue neste patamar desde agosto do ano passado.

“Estamos lidando com uma taxa básica de juros muito alta”, disse Serrano. “O banco não consegue baixar muito mais do que isso porque, obviamente, tem toda uma análise de risco”, completou a presidente da Caixa Econômica Federal. Atualmente, o banco oferece o consignado a uma taxa de 1,87% ao mês, ou seja, abaixo do teto máximo permitido.

O que disse o presidente?

Em sua live semanal de terça-feira, o presidente Lula disse que está indignado com a situação do teto da taxa de juros para o consignado. De acordo com o petista, o Governo Federal vai começar a conversar com os ministros para iniciar um processo de queda nas taxas que são cobradas para este tipo de empréstimo.

“Agora o que me deixa indignado é que o crédito consignado, que é dado para a pessoa que tem emprego garantido, que é descontado no salário e, portanto, não tem como perder, é 1,97%. Juros sobre juros, dá quase 30% ao mês. Como o cara do crédito consignado vai pagar 30% ao mês e eu estou emprestando dinheiro para os grandes a 10% ao mês?”, afirmou o presidente.

“Então, vou conversar com o Haddad e os presidente dos bancos pra saber como a gente está levando o povo pobre nisso. A gente está dando a folha de pagamento como garantia e a gente ainda paga mais caro que paga o empresário pelo empréstimo?” questionou Lula na live semanal que está sendo comandada pelo jornalista Marcos Uchôa, e que está sendo transmitida através das redes sociais oficiais do presidente.

Presidente da Caixa se pronunciou após presidente Lula criticar juros do consignado que são ofertados aos trabalhadores
Lula criticou taxa de juros do consignado. Imagem: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O que é o consignado?

O consignado é uma modalidade de empréstimo em que o cidadão recebe o dinheiro e logo depois precisa quitar a dívida na forma de descontos mensais no seu salário ou na sua aposentadoria. Milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recorrem ao sistema para conseguir um dinheiro a mais com mais facilidade.

Como os pagamentos são feitos com descontos diretos na folha, se imagina que o risco de calote é menor. Desta forma, se espera que os bancos ofereçam taxas menores para os seus clientes. Contudo, na avaliação do presidente Lula, os atuais patamares estariam longe do ideal.

Vai baixar os juros?

Caso o petista inicie mesmo os trabalhos para a redução da taxa de juros do consignado, ele provavelmente vai encontrar muitos desafios pela frente. À exemplo da Caixa Econômica Federal, é provável que outras instituições públicas e privadas também ofereçam resistência.

Quando a taxa de juros foi reduzida em março de 2,14% para 1,97%, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) já tinha criticado a medida.

“Os bancos, representados pela Febraban, participaram  da reunião do Conselho de Previdência Social e, inicialmente, discordaram da proposta de teto dos juros do consignado para beneficiários do INSS em 1,97%, por ser um patamar ainda abaixo dos custos vigentes para parte dos bancos que operam essa linha de crédito”, diz a nota da Febraban.

“Mas como a proposta representa um importante avanço em relação ao teto anterior de 1,70%, os bancos, contribuindo para encerrar o impasse e diante de impactos na concessão dessa linha de financiamento que ainda serão avaliados, decidiram se abster na votação”, disse a Febraban na ocasião.

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