Valor médio das dívidas dos brasileiros cresce 12% em um ano

Valor médio das dívidas dos brasileiros cresce 12% em um ano

O ano de 2024 começou um pouco mais difícil para os brasileiros. Isso porque a população do país encerrou dezembro do ano passado mais endividada do que há um ano.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Paschoalotto, empresa de recuperação de crédito, o valor médio das dívidas dos brasileiros atingiu R$ 1.388,41 em dezembro de 2023, valor 12,2% maior que o registrado no mesmo período de 2022 (R$ 1.237,16).

Veja mais dados da pesquisa

O levantamento revelou que também houve um aumento do percentual de brasileiros com dívidas que tenham até 90 dias de atraso. Em dezembro de 2022, 30,95% da população estava com dívidas dessa natureza. Contudo, em dezembro de 2023, o percentual subiu para 31,53%.

Além disso, a pesquisa também mostrou que houve um aumento do número de dívidas com garantia. O valor médio desse tipo de débito subiu de R$ 1.512 em 2022 para R$ 1.600 no final do ano passado.

Por sua vez, as dívidas sem garantia, como os débitos com cartão de crédito, por exemplo, tiveram uma média de R$ 288, valor levemente maior que o observado um ano atrás, de R$ 285.

Segundo o levantamento, 50,4% dos endividados são do gênero feminino, enquanto 49,6% são do masculino. Embora as mulheres tenham representado mais da metade dos endividados, o percentual não fico muito distante dos homens.

A pesquisa ainda mostrou as faixas etárias mais endividadas do país. Confira abaixo o percentual em cada faixa:

  • Até 25 anos: 12,1%;
  • De 26 a 40 anos: 34,4%;
  • De 41 a 60 anos: 35%;
  • Acima de 60 anos: 18,5%.

As faixas intermediárias, de 26 a 60 anos, concentraram quase 70% do endividamento no país, com uma diferença pequena entre elas, mas uma distância bastante expressiva em relação às demais faixas etárias.

Mulheres representam mais da metade dos endividados do país
Mulheres representam mais da metade dos endividados do país. Imagem: Pixabay.

Inadimplência cresce no Brasil

O diretor de planejamento da Paschoalotto, Diego Mosquim, disse que o aumento da inadimplência em 2023 foi provocado pela conjuntura econômica do Brasil.

Em suma, as taxas elevadas de juros e o lento crescimento econômico fizeram as pessoas se endividarem mais em 2023, segundo Mosquim.

Cabe salientar que os setores mais impactados pela inadimplência foram:

  • Bancos e cartões de crédito: 28,9%;
  • Utilities: 23,3%;
  • Financeiros: 16,4%;
  • Varejo: 11,1%.

A elevação da inadimplência é reflexo direto da crise nacional, onde recessão, taxas elevadas e crescimento econômico moroso comprometem a capacidade das pessoas em honrar seus compromissos financeiros“, explicou o diretor de planejamento da Paschoalotto.

Ele também ressaltou que houve maior aderência dos devedores à digitalização. A título de comparação, a proporção de pagamentos realizados através de negociações digitais atingiu 20,3% em 2023. O número foi quase duas vezes maior que o observado em 2022 (11,3%).

Juros caem no Brasil em 2023

Embora o diretor Diego Mosquim tenha citado os juros elevados como vetor do endividamento da população em 2023, cabe salientar que a situação poderia ter ficado ainda mais crítica caso os juros não tivessem caído nos últimos meses do ano passado.

Em síntese, o Banco Central (BC) reduziu quatro vezes consecutivas a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Os juros iniciaram 2023 em 13,75% ao ano, mas caíram para 11,75% ao ano em dezembro, uma redução de 2 pontos percentuais.

A propósito, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.

Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas naquele ano, mas só promoveu o primeiro corte da taxa em agosto de 2023. Isso aconteceu porque os impactos da taxa de juros demoram um pouco para afetar a economia.

Endividamento x inadimplência

A saber, os analistas não consideram o endividamento como algo ruim para a economia brasileira. Na verdade, o que pode afetar o país é a inadimplência, que se refere às dívidas atrasadas, indicando dificuldades da população de honrar seus compromissos.

Endividamento é algo fundamental para o desenvolvimento econômico, pois o crédito é o trampolim do sistema capitalista. A inadimplência é um resultado adverso do endividamento, causado pela renda baixa do brasileiro e pela volatilidade da economia do País”, explicou Felipe Tavares, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Aliás, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela CNC, revelou que o endividamento atingiu 77,8% das famílias do país em 2023. A taxa ficou levemente menor que a de 2022 (77,9%), mas ainda bastante elevada, refletindo as dificuldades dos brasileiros de pagar suas dívidas no país.

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