Transformar cidades em smart cities. Esta é a proposta de pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos.
Eles participarão de uma rede nacional para transformar espaços que utilizam tecnologias como inteligência artificial e internet das coisas para gerar eficiência nas operações urbanas, mantendo o desenvolvimento econômico ao mesmo tempo que melhoram a qualidade de vida da população.
A rede Inteligência Artificial Recriando Ambientes (IARA) integra cerca de 20 universidades do Brasil e do exterior, governos e iniciativa privada.
“Esse projeto tem como meta criar uma rede de pesquisa nacional, com sedes próprias e governança compartilhada e polos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco e Pará. O principal objetivo é o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia nas áreas de inteligência artificial e internet das coisas de 5ª geração, mas já visando à 6ª geração com modelos focados no desenvolvimento de eixos principais como comunicação, energia, mobilidade, saneamento, segurança, saúde, educação e lazer”, explica André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, um dos coordenadores do trabalho, pesquisador do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), com sede na USP em São Carlos.
O CeMEAI é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A rede IARA terá sedes em todas as universidades parceiras e contará com cidades piloto para implantação dos modelos. As primeiras cidades-alvos do estudo serão Canaã dos Carajás (PA) e São Carlos (SP).
Parcerias
Amplamente estudada no projeto da rede IARA, Canaã dos Carajás, no estado do Pará, é a primeira a implantar o modelo de cidade inteligente. O local já participa de parcerias com universidades e conta com um Fundo Municipal de Desenvolvimento Sustentável com recursos arrecadados da exploração minerária, principal fonte de renda da cidade, para fomentar o desenvolvimento econômico, como a verticalização de cadeias produtivas primárias e investimentos em sistemas computacionais de utilidade pública.
Um convênio com a Universidade Federal do Pará (UFPA) permitiu a aquisição de equipamentos como drones, câmeras, sensores e outros sistemas, como supercomputadores, para implantação do modelo que agora é feito também em parceria com a rede IARA.
Com esse material, terá início a coleta de milhares de dados e a extração de padrões e conhecimentos que irão nortear os gestores nas tomadas de decisões nos mais diferentes setores, trabalho que vai contar com pesquisadores da área de Inteligência Artificial da USP em São Carlos. “É a primeira vez que efetivamente o conceito de smart city com inteligência artificial será viabilizado no país”, salienta ao Jornal da USP o professor da UFPA Carlos Renato Lisboa Francês, pós-graduado pelo ICMC da USP.
A expectativa com a implantação do projeto está ligada à criação de mecanismos proporcionadores de pesquisa aplicada em tecnologia, impulsionando oportunidades para startups e spin offs para gerar emprego e renda ao município e região.
Concentração urbana
O índice de concentração urbana no Brasil, que é de 84% de toda a população de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforça a necessidade de se construir cidades adaptadas às necessidades atuais e que, ao mesmo tempo, estejam preparadas para o futuro.
“É nesse sentido que estamos trabalhando, gerando tecnologia e contribuindo para que as pessoas deixem de imaginar como será viver em uma cidade inteligente e possam fazer uso de fato dos recursos e tecnologias que não estão mais no futuro e sim, no presente, na ciência gerada por essa diversidade de conhecimentos em rede, o projeto IARA”, conclui o coordenador do projeto, André Carvalho.
Sobre o CeMEAI
O Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) é estruturado para promover o uso de ciências matemáticas como um recurso industrial em três áreas básicas: ciência de dados, mecânica de fluidos computacional e otimização e pesquisa operacional. Fazem parte do centro o ICMC-USP, CCET-UFSCar, IMECC-Unicamp, IBILCE-Unesp / FCT-Unesp / IAE e IME-USP. Informações do Jornal USP.