Erros nos sinais de pontuação, geralmente, são muito comuns entre candidatos a concurso público, até mesmo entre aqueles considerados habilidosos escritores. Curiosamente, é um assunto que grande parte dos concurseiros ignora e, no entanto, não estuda, porque acha que é algo simples. Ou seja, pensa que as questões podem ser respondidas com interpretação, etc.
Contudo, não é bem assim. Pois, conhecer os sinais e a função de cada um deles é essencial para não errar no seu concurso público.
Neste artigo, além de falar das funções de cada sinal, veremos exemplos práticos do emprego deles. Portanto, essa é uma forma muito eficiente de assimilar esse conteúdo e não errar na prova do seu concurso.
Para que servem os sinais de pontuação?
A língua falada é muito rica de expressões, obviamente, por este motivo é preciso aprimorar as frases da língua escrita, de modo a facilitar a compreensão da informação.
Os sinais de pontuação, entretanto, não possuem a riqueza das palavras ditas oralmente, mas eles estruturam os textos e estabelecem as pausas comuns na fala, além das entonações.
Veja os seguintes exemplos, sem sinal de pontuação:
- Maria comeu dois lanches
- Antônio pode fazer um favor para mim
- João Pedro e Gustavo são amigos de infância
- Não aceito
Na primeira frase, poderíamos colocar um ponto de interrogação, um ponto de exclamação e também um ponto final, ou melhor, dependendo de como desejamos nos expressar.
É uma pergunta sobre quantos lanches Maria comeu? Uma surpresa por ela ter comido dois lanches? Ou apenas uma comunicação da quantidade?
Até reticências servem aqui: Maria comeu dois lanches…
Na segunda oração, no entanto, temos também três opções: uma pergunta direta para Antônio, questionando se ele pode fazer o favor, com ponto de interrogação no final da pergunta e vírgula após o nome (vocativo); uma comunicação, informando da disponibilidade de Antônio a outra pessoa, ou até mesmo uma exclamação, caso não seja comum a Antônio fazer favores.
No terceiro enunciado, por exemplo, você consegue entender quantos homens são amigos de infância?
Podem ser dois (João Pedro e Gustavo) ou três (João, Pedro e Gustavo). Aqui temos também três possibilidades: uma pergunta sobre se eles são amigos de infância, uma exclamação pela surpresa do tempo de amizade, ou apenas uma informação, com ponto final.
Na última frase, por fim, pode ser uma negação (como está, apenas acrescida de ponto final), uma exclamação ou então uma resposta de pergunta (não, aceito).
Conseguiu perceber a importância dos sinais de pontuação? É incrível, não é mesmo? São muitas possibilidades trazidas por eles!
Conheça alguns sinais de pontuação na Língua Portuguesa e suas funções
Vírgula (,)
A vírgula, inicialmente, é indicativa de pausa pequena na frase, ou seja, deixa o interlocutor à espera de continuação. Ela é utilizada em diversas situações, que serão exemplificadas abaixo:
- Com datas, onde o nome da cidade aparece: Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2018.
- Em respostas afirmativas ou negativas, no início da frase: sim, por favor.
- E em correspondências sociais ou comerciais, após a saudação: Atenciosamente, Paulo.
Ela também é usada para separar termos com mesma função sintática:
Exemplo: Emanuel levou duas calças, três camisas, um boné e um par de meias.
Obs.: entre o penúltimo e o último termo, a conjunção “e” deve substituir a vírgula.
Também utiliza-se vírgula para destacar elementos intercalados, por exemplo:
- Conjunções: Trabalhamos por um ano, portanto, temos direito a férias por trinta dias.
- Adjuntos adverbiais: Gerônimo, com certeza, passará por esta rua.
- Vocativo: Tereza, abra essa porta!
- Aposto: Lucas, o atacante do time, está suspenso.
- Expressões explicativas: Gabriel e Mariana, isto é, um casal de namorados, foram vistos juntos.
Outras utilizações:
- Para separar termos destacados da posição normal da frase: A bolsa térmica que estava aqui, você viu?
- Em separação de elementos paralelos de um provérbio: Filho de peixe, peixinho é.
- Para destacar pleonasmo antecipado ao verbo: Minhas amigas, as receberei amanhã para um café.
- Na indicação de elipse de um termo: Mariele foi de carro; eu, de metrô.
- Para isolar elementos repetitivos: No dia do meu casamento, eu estava muito, muito, muito feliz!
- Na separação de orações intercaladas: O essencial, insistia ele, era invisível aos olhos.
- Na separação de orações coordenadas assindéticas: O carro buzinou e foi andando, não desacelerou, não parou na faixa de segurança.
- Nas orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e em algumas orações alternativas: Estude bastante, pois a caneta é mais leve do que a pá.
- Na separação de orações subordinadas substantivas e adverbiais, quando estivem antes da oração principal: Quem fez isto, eu gostaria de saber.
- Para isolar orações subordinadas adjetivas explicativas: Natália, que é uma amiga fiel, me ajudou em momentos de necessidade.
Ponto e vírgula (;)
Em primeiro lugar, ao contrário da vírgula, a pausa é maior quando se utiliza ponto e vírgula em uma oração. Contudo, é menor que o ponto.
Ele indica, na “melodia” da frase, um tom ligeiramente descendente, ainda que assinalando que a frase não acabou. Dessa forma é utilizado quando:
- Se deseja separar orações coordenadas onde não há uma conjunção, mas há relação entre si: O dia está lindo; vamos fazer um piquenique.
- Se quer separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já utiliza elementos separados por vírgula: O que aconteceu foi isto: doze pessoas foram a favor do plano; três, contra;
- É preciso separar itens em enumeração: Vamos comprar brinquedos; roupas; calçados.
- Se pretende alongar a pausa em conjunções adversativas: Gostaria de ir ao cinema; contudo, não tenho dinheiro.
- Houver separação de orações coordenadas adversativas, e a conjunção aparecer no meio da oração: Pretendia fazer compras hoje; choveu, entretanto, e atrapalhou meu plano.
Dois pontos (:)
A utilização de dois pontos acontece para causar uma sensível suspensão na comunicação, ou seja, em frase à espera de conclusão. Devemos utilizá-los nos seguintes momentos:
- Para anunciar falas de personagens: Ao entrar no quarto dele, perguntei: – Você gostaria de jantar logo?
- Quando mencionar uma citação: Como na música de Legião Urbana: “Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?”.
- Para anunciar uma enumeração: Tenho várias frutas aqui: duas maçãs, três bananas, cinco pêssegos e um melão.
- Antes de orações apositivas: Só aceito com uma condição: serás leal a mim.
- Na indicação de esclarecimentos, resultados ou resumos: Resultado do dia: um braço quebrado.
- Na invocação de correspondências: Caro colega de trabalho: Pedimos a gentileza de…
Ponto final (.)
O ponto final, certamente é a pausa máxima da voz, com melodia descendente. Seu emprego acontece, por exemplo:
- No fechamento de períodos declarativos e/ou imperiosos: Falei com Joaquim na manhã de hoje. Outro exemplo: Não aceito que faças isto em minha casa.
- Nas abreviaturas: N. Sra. Aparecida. Mais um: Dr.
Ponto de interrogação (?)
É utilizado no final de interrogações diretas, mesmo que a pergunta não exija resposta. Ao contrário dos outros pontos, neste caso a melodia é ascendente. Veja quando ele deve ser empregado:
- Você fez isso novamente?
- Posso servir o almoço?
- Estive em sua casa ontem à noite e não encontrei seu irmão. Você sabe se ele estava no colégio?
- Por que Vilmar ainda não se casou?
- Qual é o motivo de tanto agito?
Entretanto, é importante informar que o ponto de interrogação não é utilizado quando a pergunta é indireta. Exemplo: Perguntei ao meu marido onde erramos na educação de nosso filho.
Caso seja utilizado no final de uma pergunta intercalada, de maneira ou outra, o ponto de interrogação precisa estar entre parênteses. Veja: O trabalho engrandece o homem (quem contesta a afirmação?) é algo que meu pai sempre diz.
Também é essencial mencionar que o ponto de interrogação pode ser combinado com o ponto de exclamação. Exemplo: Tiago?! Com certeza!
Ponto de exclamação (!)
Com utilização nas interjeições, exclamações e frases imperiosas, no entanto, o ponto de exclamação pode exprimir uma série de emoções: surpresa, espanto, ordem, súplica, susto, indignação, etc.
Seu tom também é descendente. Confira exemplos a seguir:
- O dia está lindo para um passeio!
- Não sabia que você viria hoje!
- Cristo, tende piedade de nós!
- Você quase me mata do coração!
- O preço da gasolina aumentou novamente. Que absurdo!
- Comece a estudar!
No caso do vocativo enfático, por exemplo, o ponto de exclamação substitui a vírgula. Veja: Vinícius! Já te chamei duas vezes e você não me ouve!
Reticências (…)
Assim como diversos sinais de pontuação já mencionados, as reticências também marcam suspensão da frase, sendo muitas vezes empregados em elementos de natureza emocional. Veja exemplos de utilização:
- Para indicação de continuidade de fatos ou ações: O tempo não para…
- Em suspensão ou interrupção de pensamentos: Eu achava que você gostava de mim…
- Com escrita, em representação de hesitações da língua falada: Eu fiz sorvete achando que… ele gostaria de um doce.
- No realce de palavras ou expressões: Não achei que você viria… tão tarde.
- Em citações incompletas: “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente…”.
- Quando se pretende deixar o sentido da frase em aberto: Caso ela não se apresente ao emprego até amanhã…
Contudo, há outros sinais muito comuns na Língua Portuguesa que são parênteses (), travessão (-), aspas (“”), colchetes ([]), asterisco (*) e parágrafo (§).