Cursando o terceiro ano de Arquitetura, Carlos Augusto Manço, de 92 anos, passou por muitas experiências e histórias ao longo de sua vida. Nasceu em uma época que nem a televisão tinha chegado ainda ao Brasil. Com a pandemia do novo coronavírus, ele tem tirado de letra mais um desafio: o de se adaptar à tecnologia para assistir às aulas remotamente.
Carlos tem dificuldades para digitar e problemas de audição. Ele confessa que às vezes tem vontade de parar pela quantidade de atividades que precisa fazer. Mas a sua vontade de continuar é maior, pois seu sonho é se tornar arquiteto.
Para ajudá-lo no ensino a distância, sua neta, Isabella Bucci, o acompanha nas lições, como em resumos e troca de ideias sobre o tema. “Leio também para poder trocar ideias sobre o tema como se estivéssemos na faculdade discutindo o assunto”, conta a menina.
“Tem horas que dá vontade de parar pelo volume de estudos, mas a vontade de continuar é maior. Para entrar no sistema de videoconferência, minha neta está me ensinando um pouco a cada dia”, explicou o avô.
Carlos é morador de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e quando jovem não teve a oportunidade de fazer uma faculdade por questões financeiras. Por 50 anos, trabalhou com desenho urbano e ajudou a projetar as obras do hospital universitário da USP, no campus de Ribeirão.
O desafio de se adaptar à tecnologia ainda é somado à saudade que sente de frequentar as aulas e conviver com outros colegas de classe. Mesmo diante da dificuldade, ele não falta um único dia e mantém uma rotina organizada.
Carlos também se tornou uma espécie de conselheiro para os estudantes mais jovens quando o tema é a Covid-19. Aos 92 anos, ele já vivenciou outras crises de saúde no mundo e sabe que esse momento vai passar.
Fonte: Estadão