O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de Brasília aprovou, por 44 votos favoráveis, 14 contrários e seis abstenções, a retomada das atividades de ensino na instituição. A volta do calendário acadêmico será no dia 17 de agosto, com atividades realizadas por meio remoto. A minuta que detalha o passo a passo da retomada ainda será objeto de discussão pelo colegiado, em reunião prevista para a próxima quinta-feira (16). Na ocasião, também será debatida a data de encerramento do semestre. Ainda não há uma data para a matrícula em disciplinas e para o ajuste – ambas as coisas serão deliberadas pelo Cepe.
O vice-reitor, Enrique Huelva, fez um apelo para que o Cepe se manifestasse quanto ao horizonte temporal da volta das atividades de ensino. “Precisamos dessa base legal interna tanto para disponibilizar equipamentos aos estudantes em situação de vulnerabilidade, por meio de empréstimo, quanto para solicitar ao MEC [Ministério da Educação] o apoio no que diz respeito ao acesso à internet a essas pessoas”, explicou. “Sem isso, ficamos de mãos atadas.”
A pesquisa social realizada pelo Comitê de Coordenação das Ações de Acompanhamento (CCAR) sobre as condições de conectividade da comunidade acadêmica indicou que cerca de 6% dos estudantes precisarão de apoio com equipamentos (computador ou tablet) e 30% precisarão de apoio para o acesso à internet de melhor qualidade.
Esta semana, o MEC estabeleceu que dará suporte de acesso à internet via RNP a partir da demanda encaminhada pelas universidades. De acordo com informações passadas aos reitores por meio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), receberão suporte primeiro as universidades que já retornaram ou que retornarem primeiro às atividades de ensino, de acordo com a data de retorno.
Também esta semana, o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) enviou consulta às unidades acadêmicas e administrativas sobre o quantitativo de máquinas que poderiam ser emprestadas aos discentes. “Também estamos estimulando as unidades a verificar se seus membros podem fazer doações. Em última alternativa, daremos um auxílio financeiro para que os estudantes adquiram equipamentos”, afirmou o decano do DAC, Ileno Izídio da Costa.
Situação de paralisia
Diversos conselheiros se manifestaram a favor da aprovação do calendário, mesmo que os detalhes ainda estejam sob discussão. “O nível de incerteza é tão grande neste momento que precisamos dar à sociedade alguns parâmetros. Se não votássemos, ficaríamos em uma situação de paralisia”, defendeu a professora Adriana Amado, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (Face).
“Estamos dando vida aos calouros. Dando condições para os que ingressaram e os que estão prestes a se formar possam pensar no futuro”, afirmou a professora Enilde Faulstich, do Instituto de Letras (IL). Além da retomada do calendário acadêmico relativo aos cursos não presenciais, o Cepe também aprovou a volta das atividades de ensino da Universidade Aberta do Brasil (UAB), responsável pelos cursos de graduação a distância, para o dia 13 de julho.
Outros conselheiros se manifestaram contrários ao estabelecimento da data. “Isso contraria tudo que foi aprovado pelo conselho da minha unidade. Penso que levaríamos semanas para discutir o assunto da maneira apropriada”, disse a professora Dione Moura, da Faculdade de Comunicação (FAC). “Nós achamos que é perigoso tomar decisões sem que a administração consiga dar respostas práticas para garantir que nenhum estudante fique para trás”, comentou o representante discente Mateus.
Além da próxima reunião do Cepe, o vice-reitor explicou que haverá muito outros encontros paralelos, para tratar de questões específicas (por exemplo, relativas ao acesso de indígenas às atividades remotas). “Peço que os conselheiros levem a minuta para discussão nas suas unidades, de modo que possamos consolidar a resolução o mais brevemente possível”, disse. *Informações da Assessoria de Comunicação da UnB