Os trabalhadores do Brasil receberam uma grande notícia na semana. De acordo com o levantamento mensal realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), três quartos dos reajustes salariais superaram a inflação no país em março.
Isso quer dizer que a maioria absoluta dos trabalhadores com carteira assinada tiveram aumento no seu poder de compra no terceiro mês de 2023. Esse dado é muito positivo para todos os brasileiros que desejam ver seu rendimento mensal crescer.
Aliás, o Dieese faz uma relação dos reajustes salariais com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Vale destacar que o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os reajustes no país.
Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores do país.
Maioria dos reajustes supera o INPC
Em 2023, o Brasil vem enfrentando muitas dificuldades para fortalecer a atividade econômica. As expectativas indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer apenas 1,00% neste ano, taxa bem menor que a registrada em 2022 (2,9%).
Embora a expectativa seja de desaceleração econômica, vale destacar que as projeções de analistas estão crescendo, mesmo que de maneira tímida. Isso quer dizer que o PIB brasileiro ainda pode surpreender em 2023.
No caso dos reajustes salariais, os resultados observados neste ano são bastante positivos para os trabalhadores, que comemoraram mais um mês de ganho real do poder de compra.
Segundo o levantamento, os resultados observados em março foram os seguintes:
- 74,1% dos reajustes superaram a inflação;
- 21,4% dos reajustes tiveram variação igual ao do INPC;
- 4,5% dos reajustes ficaram abaixo da inflação.
Em suma, a comparação é feita com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses, até março. No período, o indicador oscilou 4,36% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores. Já a maioria dos reajustes salariais registrou uma alta mais forte que essa variação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de bens e serviços no país, obrigando o trabalhador a modificar seus hábitos de consumo para se adequar à nova renda e aos novos preços.
Já nos casos de reajustes equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria.
Entretanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
Veja os reajustes nos principais setores econômicos
Entre os segmentos pesquisados, a indústria teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em março de 2023, chegando a 75,7% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram apenas 8,5%, enquanto 15,8% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
Com dados bastante semelhantes, os serviços fecharam o terceiro mês deste ano com 71,0% dos reajustes acima da inflação. Por outro lado, o volume das negociações ficaram abaixo do INPC no período somaram 7,6%, enquanto os 21,3% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão positivos assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados do setor ainda foram positivos para os empregados.
Em suma, 58,0% dos reajustes ficaram acima da inflação, o que quer dizer que quase seis em cada dez trabalhadores do setor de serviços viram o seu poder de compra crescer no terceiro mês deste ano.
Em contrapartida, 11,3% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Esse percentual foi o maior entre os três segmentos pesquisados.
Por fim, os 30,7% dos acordos e convenções restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor. Contudo, diferentemente dos reajustes abaixo da inflação, estes acordos não reduziram o poder de compra dos trabalhadores.