Daqui a menos de 24 horas, o sistema de transferência conhecido popularmente como DOC vai chegar ao fim. O Documento de Ordem de Crédito será encerrado nesta quinta-feira (29). A informação foi oficialmente confirmada pelo Banco Central (BC) nesta semana.
Foram mais de quatro décadas de atuação em território nacional. Os últimos anos, no entanto, foram especialmente difíceis para o DOC, que perdeu muito da sua popularidade, sobretudo depois da chegada do Pix, sistema notadamente mais leve, ágil e econômico.
Para além do DOC, o Banco Central também confirmou que vai acabar com o processo de Transferência Especial de Crédito (TEC) nesta quinta-feira (29). Este é um sistema usado exclusivamente por empresas no pagamento de benefícios a funcionários.
Fim definitivo do DOC
No caso específico do DOC, o processo de transferência estava sendo permitido até o último dia 15 de janeiro. Assim, agora já não é mais possível realizar este tipo de procedimento no Brasil. Contudo, até 15 de janeiro era possível agendar uma transferência para qualquer data até o dia 29 de fevereiro.
A partir de amanhã, portanto, não será possível mais receber nenhum dinheiro via DOC, seja ele agendado ou não. O prazo para que os bancos processem as informações de transferências por este sistema também chega ao fim nesta quinta-feira (29).
Chegada do Pix
O sistema de Docs existe no Brasil há mais de 40 anos, mas começou a se tornar obsoleto sobretudo nos últimos meses. Com a chegada do Pix, que conta com transferências instantâneas e completamente gratuitas na maioria dos casos, a avaliação é de que as pessoas deixaram de usar o DOCs, que costuma ser pago e ainda necessita de um certo tempo para ter a transferência concluída.
Dados oficiais divulgados pelo Banco Central (BC) recentemente indicam que foram realizadas apenas 18,3 milhões de transações via DOC durante todo o primeiro semestre de 2023. Este número representa 0,05% do total de 37 bilhões de transferências que foram realizadas neste mesmo período.
O DOC não está atrás apenas do Pix, mas de uma série de outros sistemas de transferência de recursos. Veja o ranking considerando os números divulgados pela Febraban no ano de 2022.
- Pix (24 bilhões);
- cartão de crédito (18,2 bilhões);
- cartão de débito (15,6 bilhões);
- boleto (4 bilhões);
- TED (1,01 bilhão);
- cheques (202,8 milhões);
- DOC (50 milhões).
Para o presidente da Febraban, Isaac Sidney, o objetivo das mudanças é melhorar a conveniência para os clientes bancários. Ele disse que haverá um ganho no chamado custo-benefício.
“Tanto a TEC quando o DOC deixaram de ser a primeira opção dos clientes e sua utilização vem caindo continuamente nos últimos anos. Os clientes têm dado preferência ao Pix, por ser gratuito, instantâneo e também pelo valor que pode ser transacionado”, explica o diretor da Febraban, em coletiva recente, onde falou sobre o assunto.
Instituições se anteciparam ao fim do DOC
De todo modo, cada instituição teve o poder de se antecipar e acabar com o sistema ainda antes desta data limite. Como dito, a escolha por antecipar o final do DOC está sendo feita dentro de um contexto de queda de popularidade deste sistema, sobretudo depois da chegada do Pix no Brasil.
Ao menos até aqui, três instituições financeiras já confirmaram que não estão mais trabalhando com o sistema de DOC. São elas:
- Itaú (encerrou em janeiro);
- Santander (finalizou em setembro);
- Banco do Brasil (finalizou em outubro).
No caso do Bradesco e da Caixa Econômica Federal a ideia até agora é abandonar o sistema do DOC seguindo o cronograma que foi definido pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
Bancos nativos digitais populares, como C6 Bank e Original, nunca chegaram a oferecer o serviço de DOC. Até aqui, um cliente destas instituições poderia apenas receber o dinheiro por este sistema, mas não enviar.