Após iniciar o ano com números bastante preocupantes, a taxa de desocupação no Brasil parece ter se estabilizado. No trimestre móvel de fevereiro a abril, o desemprego ficou estável no país, primeiro resultado positivo desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que a taxa cresceu no primeiro trimestre deste mês.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação ficou em 8,5% entre fevereiro e abril. Essa é a menor taxa para um trimestre encerrado em abril desde 2015, quando o desemprego ficou em 8,1% no país.
“Essa estabilidade é diferente do que costumamos ver para este período. O padrão sazonal do trimestre móvel fevereiro-março-abril é de aumento da taxa de desocupação, por meio de uma maior população desocupada, o que não ocorreu desta vez“, explicou Alessandra Brito, analista da pesquisa.
A propósito, a taxa de desocupação ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior (8,4%). Já na comparação com o trimestre móvel de fevereiro a abril de 2022 (10,5%), a taxa caiu 2,0 pontos percentuais (p.p.), o que indica uma melhora do mercado de trabalho brasileiro.
Vale destacar que a população desocupada totalizou 9,1 milhões de pessoas no trimestre móvel de fevereiro a abril de 2023. Isso representa estabilidade em relação ao trimestre móvel anterior e queda de 19,9% em um ano (menos 2,3 milhões de pessoas desocupadas).
Apesar da forte queda na base anual, os números continuam muito elevados. Ainda assim, os dados da população desocupada refletem a melhora na condição do mercado de trabalho do país em relação a 2022. Contudo, as dificuldades no país ainda são enormes.
População ocupada recua no trimestre
Em suma, a PNAD Contínua revelou outros dados referentes aos primeiros meses do governo Lula. A saber, a população ocupada somou 98 milhões entre fevereiro e abril.
Esse número representa uma queda de 0,6% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 605 mil pessoas). “Essa redução faz parte da tendência sazonal observada na série histórica. Quando se compara abril com janeiro, essa redução tem ocorrido, exceto pelo período da pandemia“, disse Brito.
A redução na população ocupada ocorreu devido aos recuos registrados em três grupamentos de atividades: serviços domésticos (-3,3% ou menos 196 mil pessoas), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-2,4% ou menos 204 mil pessoas) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-1,4% ou menos 265 mil pessoas).
Por outro lado, na comparação com o trimestre de fevereiro a abril de 2022, houve um crescimento de 1,6% da população ocupada (mais 1,5 milhão de pessoas).
A PNAD ainda mostrou que o nível de ocupação ficou estimado em 56,2%, queda de 0,5 p.p. em três meses, mas alta de 0,4 p.p. em um ano. A propósito, nível de ocupação se refere ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar.
População desalentada recua no Brasil
O levantamento do IBGE ainda revelou que a população desalentada no Brasil somou 3,8 milhões no período. Esse número caiu 4,8% em relação ao trimestre móvel anterior (menos 192 mil pessoas) e 15,3% em um ano (menos 682 mil pessoas).
Em resumo, o IBGE explica que a população desalentada é formada por pessoas que estavam fora da força de trabalho do país devido a alguma das seguintes razões:
- Não conseguia trabalho;
- Não tinha experiência profissional;
- Era muito jovem ou muito idoso;
- Não encontrou trabalho na localidade onde mora;
- Não teria condições de assumir a vaga caso conseguisse o trabalho.
Em outras palavras, os desalentados do país formam a parte da força de trabalho potencial. Isso quer dizer que eles poderiam trabalhar, mas não o fizeram devido a circunstâncias específicas.
Os dados também mostraram que o percentual de desalentados na força de trabalho atingiu 3,4% entre fevereiro e abril de 2023. Na comparação trimestral, o nível caiu 0,2 p.p., enquanto a queda na base anual chegou a 0,6 p.p.
Entenda a PNAD Contínua
De acordo com o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. Isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em síntese, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país, desemprego, entre outros pontos.
Os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.